Baleias são avistadas na Barra da Tijuca, e pinguim é resgatado na Prainha

Três baleias foram vistas na orla da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, na manhã desta sexta-feira. O litoral fluminense é rota para o mamífero, que nessa época do ano migra em busca de águas quentes para se reproduzir. Próximo dali, na Prainha, no bairro do Recreio, um pinguim foi resgatado nesta manhã. O animal também vem do Sul, mas é vítima de correntes marítimas que o trazem para a costa brasileira.

– A visita das baleias ocorre anualmente porque esses animais se alimentam de uma espécie de crustáceo presente na Antártida e no verão elas ficam nessa região. Já no inverno, depois de formarem uma boa reserva, elas viajam para fugir das águas geladas e encontram no litoral brasileiro um ambiente propício para reproduzir e amamentar filhotes – explica o oceanógrafo David Zee, professor do Departamento de Oceanografia da Uerj.

Os mamíferos marinhos marcam presença desde o início de junho no litoral do estado. No dia 3, uma baleia passeou pelas praias de Niterói, na Região Metropolitana, e na semana passada algumas foram registradas em Arraial do Cabo, na Região dos Lagos. Já o pinguim foi encontrado na areia por Abílio Fernandes, gestor do Parque da Prainha. Ele acionou agentes do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), que acolhem e tratam de animais encontrados no litoral dos estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo e do Rio de Janeiro. Ao contrário da baleia, porém, a ave não chega ao litoral brasileiro por vontade própria.

– Nessa época do ano, as correntes da região da Argentina se intensificam em direção ao Norte. O que ocorre é que o pinguim é muitas vezes surpreendido enquanto está nadando, não consegue se desvencilhar da corrente a acaba sendo trazido para São Paulo, Rio e até Bahia. Muitos ficam fracos e desidratados devido à dificuldade de alimentação. No Brasil, precisam ser resgatados e tratados e são levados para o Sul depois de recuperados – explicou o oceanógrafo. Pinguins encontrados nas praias não devem ser alimentados, molhados nem colocados no gelo. O ideal é conter o animal com uma toalha, tomando cuidado com o bico e mantê-lo aquecido em uma caixa de papelão até a chegada de uma equipe de resgate.

REFÚGIO EM ABROLHOS

Segundo Zee, estima-se que ao menos 800 baleias realizem a travessia de mais de 5 mil quilômetros que começa no Polo Sul e vai até a região de Abrolhos, localizada entre o Norte do Espírito Santo e o Sul da Bahia. Durante a viagem, é comum que os animais façam pausas e nadem mais perto da costa em busca de alimentos, o que facilita a observação. O especialista alerta, porém, que a aproximação por banhistas, mergulhadores e embarcações não é recomendada.

– A presença dos animais por aqui já é uma atração, e há até pacotes de passeio de barco e mergulho para observar as baleias. Vale ressaltar, porém, que é sempre necessário seguir protocolos de segurança e apenas pesquisadores podem realmente se aproximar dos animais. O Brasil é signatário do acordo de preservação de baleias, de maneira que nossas águas se tornaram.

Mais da metade das baleias que passam pela costa brasileira é da espécie jubarte. O animal pode chegar a pesar 40 toneladas, distribuídas em até 15 metros de comprimento e está presente em todos os oceanos do planeta. Segundo o Instituto Baleia Jubarte, a chegada desses mamíferos ocorreu mais cedo neste ano. A primeira baleia foi vista no dia 30 de abril no Sul de Ilhabela, em São Paulo, quando o mais comum é que aproveitem as águas quentes dos trópicos a partir de julho. Na mesma data, uma jubarte encalhou já morta em Ilha Comprida, na mesma região.

A visita antecipada pode estar ligada a fatores ambientais complexos que interferem no ciclo de vida do animal e ainda são pouco conhecidos dos pesquisadores, como explica o Instituto. Os animais devem retornar para o Sul no quarto trimestre, com a aproximação do verão.

©Plantão dos Lagos
Fonte: Jornal Extra
Fotos: divulgação