
COP30 não desperta interesse turístico em Belém, aponta pesquisa nacional
A mais nova pesquisa realizada pela Real Time Big Data revela um cenário pouco animador para o turismo em Belém no contexto da COP30. Mesmo com a visibilidade internacional gerada pelo evento, a percepção dos brasileiros sobre a capital paraense como destino turístico permanece praticamente inalterada, e, em alguns aspectos, até reforça desafios históricos da cidade.
Antes da COP30: Belém não fazia parte dos planos de viagem
O levantamento mostra que, antes da realização da conferência climática, a grande maioria dos entrevistados não considerava Belém como um destino turístico. Nada menos que 88% dos brasileiros afirmaram que não pensavam em viajar à cidade antes da COP30, enquanto apenas 12% tinham algum interesse prévio. Esse dado inicial já mostra um ponto de partida desafiador para o setor turístico local: a cidade não ocupava lugar relevante na imaginação dos viajantes nacionais.
Visibilidade internacional não alterou a percepção
Apesar da exposição mundial gerada pela COP30, a percepção do público brasileiro praticamente não mudou. Quando questionados sobre o impacto da conferência em sua vontade de visitar Belém, 86% afirmaram que a COP30 não alterou em nada sua intenção de viagem. Apenas 9% disseram que o evento aumentou sua vontade de conhecer o destino, enquanto 5% declararam que a conferência diminuiu seu interesse.
O dado reforça um ponto importante: grandes eventos, por si só, não necessariamente transformam a imagem de uma cidade. A percepção do turista é construída a partir de fatores mais profundos e estruturais, que não se modificam apenas com a realização de uma conferência global.
Após a COP30, intenção de visita continua baixa
Mesmo depois da realização do evento, a intenção de viagem permanece praticamente igual ao cenário pré-COP. Segundo o estudo, 87% dos entrevistados continuam sem planos de visitar Belém, enquanto 13% passaram a considerar a possibilidade. Esse crescimento marginal demonstra que a exposição da cidade não foi suficiente para gerar um movimento significativo de interesse turístico.
O que atrai quem pensa em visitar Belém
Entre os 13% que agora demonstram vontade de conhecer a capital paraense, os motivos são variados, mas refletem majoritariamente elementos tradicionais da cultura do Estado. O principal fator citado foi a presença de amigos e parentes, mencionado por 20% desses entrevistados. Em seguida aparecem a cultura, arquitetura e história de Belém (12%), a religiosidade relacionada ao Círio de Nazaré (11%), a culinária (11%) e a Floresta Amazônica (9%).
Embora a COP30 tenha sido lembrada como motivação por alguns poucos entrevistados, sua influência se mostrou pequena quando comparada aos fatores socioculturais e naturais já associados ao Pará.
Por que a maioria não pensa em viajar para Belém
A pesquisa também explorou as razões pelas quais os entrevistados não demonstram interesse em visitar a cidade, e os resultados apontam desafios que vão além da comunicação turística. O principal motivo é a distância e dificuldade logística, citado por 28%. O custo da viagem, mencionado por 27%, aparece logo em seguida, evidenciando barreiras econômicas e de acesso.
Outros fatores mencionados incluem falta de interesse (14%), percepções de sujeira, degradação e desorganização urbana (9%) e a pobreza (6%). Motivações menores, mas ainda significativas, abarcam críticas à infraestrutura turística, como falta de atrativos, hotelaria insuficiente, clima quente e questões estéticas da cidade.
Um retrato claro dos desafios e oportunidades
Os dados revelam um quadro realista, e importante, sobre a imagem turística de Belém aos olhos do brasileiro. A COP30 gerou movimentação política, econômica e ambiental, mas seu impacto direto na atração de turistas nacionais foi bastante limitado. Para que Belém consiga transformar visibilidade internacional em fluxo turístico, o estudo sugere que os desafios estruturais precisam ocupar o centro da agenda: logística, infraestrutura, comunicação e atratividade cultural ampliada.
A pesquisa oferece, assim, um diagnóstico que pode servir como referência para gestores públicos, empresários do setor e planejadores urbanos que desejam compreender a percepção dos brasileiros e traçar estratégias de longo prazo para reposicionar Belém no mapa do turismo nacional.
Sobre o Realtime Big Data
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