Fernandinho e as más lembranças de duas Copas do Mundo – 23/11/2025 – O Mundo É uma Bola


Carreira profissional iniciada no Atlético Paranaense, carreira profissional encerrada no Athletico Paranaense –o mesmo time, só com mudança na grafia. Fernandinho, 40, um dos bons volantes (marcador e apoiador) do futebol de duas décadas para cá, aposentou-se na semana que passou.

Atuando pelo Atlético/Athletico, pelo Shakhtar Donetsk (Ucrânia), pelo Manchester City (Inglaterra) e pela seleção brasileira, conquistou mais de 30 títulos.

Uma carreira vitoriosa, que o faz ser considerado ídolo pelos torcedores dos três times. No inglês, pelo qual ganhou cinco campeonatos nacionais (Premier League), é tido como uma lenda, sendo homem de confiança de Pep Guardiola por anos.

Para mim, que não sou torcedor de nenhuma das equipes mencionadas, Fernandinho traz recordações bem ruins, relacionadas à seleção brasileira.

Ele pode até ter tido uma maioria de boas atuações nos 53 jogos com a seleção principal, só que a lembrança sempre será de dois deles, nos quais foi de mal a pior.

O mal, na Copa de 2014, no Brasil, na semifinal no Mineirão que acabou virando Mineiraço, em alusão ao Maracanazo de 1950 (derrota na decisão para o Uruguai).

No 7 a 1 para a Alemanha, a maior humilhação da história da seleção brasileira, falhou de forma geral na marcação dos alemães e de forma específica no quarto gol, quando perdeu a bola. Um 3 a 0 podia ser reversível (o Palmeiras de 2025 que o diga). Quatro gols atrás? Nem o mais otimista crê.

Felipão, já com 5 a 0 de desvantagem, sacou Fernandinho no intervalo. No segundo tempo, a Alemanha fez “só” dois gols.

O pior, quatro anos depois, nas quartas de final da Copa na Rússia. A Bélgica tinha um time muito bom (chamado de “geração de ouro”, mesmo sem um ouro sequer), mas o Brasil vinha otimamente bem, com confiança e ótimos resultados acumulados na era Tite, iniciada em 2016.

Em jogo de forças similares, sair na frente é uma vantagem, não só numérica, mas psicológica.

E a Bélgica saiu na frente. Com gol de quem? De Fernandinho. Depois de um escanteio, ele, que era reserva e substituía o suspenso Casemiro, ao tentar tirar a bola da área desviou-a para o gol defendido por Alisson.

Depois disso, os belgas souberam se defender e contra-atacar, ampliando para 2 a 0 e conseguindo evitar que os brasileiros fizessem mais que um gol.

Chamar Fernadinho de vilão por essas atuações pode soas exagerado, já que futebol é um jogo coletivo e, teoricamente, todos ganham e todos perdem, conjuntamente. Porém na prática alguns perdem mais que os outros. Ficam marcados.

Pense na Copa de 2022, no Qatar. Do que que você se lembra das quartas de final contra a Croácia? Eu, de Fred. Mais do que quem errou na disputa de pênaltis (Rodrygo e Marquinhos), eu responsabilizo o volante, que entrou para defender e lançou-se ao ataque, perdendo embate pela bola que resultou no gol de empate dos europeus na prorrogação.

Pense na Copa de 2010, na África do Sul. Também nas quartas, Felipe Melo, depois de desviar de cabeça para o gol do Brasil bola alçada na área por Sneijder, ainda foi expulso ao pisar em Robben. A Holanda virou, 2 a 1. Se alguém foi determinante no resultado, sabe-se quem.

O futebol elege culpados. Roberto Carlos (arrumando meião) na Copa de 2006. Zico (pênalti desperdiçado) na Copa de 1986. Cerezo (passe errado) na Copa de 1982.

No Brasil, desde Barbosa, o goleiro que falhou em 1950, é assim. É a mácula de cada um. Fernandinho, infelizmente, também tem a(s) sua(s).

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Folha de S.Paulo