O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), pediu nesta terça-feira (28) ao governo federal a transferência de nove presos ligados a facções criminosas do estado para presídios federais de segurança máxima.
O pedido foi feito e autorizado ainda na tarde de hoje, segundo fontes do Ministério da Justiça. As vagas federais serão destinadas a criminosos apontados como lideranças do Comando Vermelho (CV), alvo da megaoperação que deixou 64 mortos e 81 presos nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio.
Ministros irão ao Rio discutir a crise de segurança
Inicialmente, o governador pretendia viajar a Brasília para discutir a crise diretamente com autoridades federais. No entanto, a avaliação feita no Planalto foi de que Castro deveria permanecer no estado, acompanhando pessoalmente a situação.
Em contrapartida, foi definido que uma comitiva federal viajará ao Rio nesta quarta-feira (29) para debater ações conjuntas de segurança e inteligência. O grupo será composto pelos ministros Rui Costa (Casa Civil) e Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública), além do diretor-executivo da Polícia Federal, William Murad.
O objetivo do encontro será ampliar o intercâmbio de informações e definir medidas integradas para conter a violência e desarticular as lideranças criminosas que atuam no estado.

Reunião emergencial no Planalto
A crise fluminense foi tema de uma reunião emergencial no Palácio do Planalto, realizada no fim da tarde desta terça-feira e convocada pelo presidente em exercício, Geraldo Alckmin.
O encontro durou cerca de uma hora e contou com a presença dos ministros Rui Costa (Casa Civil), Sidônio Palmeira (Secom), Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) e Jorge Messias (Advocacia-Geral da União), além de representantes dos ministérios da Justiça, Defesa e Polícia Federal.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não participou da reunião, pois se encontrava em voo de retorno da Malásia, com chegada prevista a Brasília às 20h40.
Troca de acusações entre Castro e o governo Lula
Em meio à escalada da violência, o episódio também expôs o clima de tensão política entre o governo fluminense e o federal.
Durante coletiva de imprensa, Cláudio Castro afirmou que o Rio está “sozinho” no enfrentamento à criminalidade e acusou a União de não colaborar com pedidos anteriores de apoio.
Segundo o governador, ele teria solicitado empréstimos de veículos blindados das Forças Armadas em três ocasiões, mas os pedidos foram negados.
“Tivemos pedidos negados três vezes. Para emprestar o blindado, tinha que ter decreto de GLO, e o presidente [Lula] é contra a GLO. Cada dia uma razão para não estar colaborando”, afirmou Castro.
O governo federal, por sua vez, argumenta que o envio de equipamentos militares sem decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) seria ilegal e que apoia as forças estaduais dentro dos limites constitucionais.
Contexto: a operação mais letal da história do Rio
A tensão política se intensifica após a Operação Contenção, que reuniu 2,5 mil agentes das forças de segurança estaduais e federais com o objetivo de cumprir 100 mandados de prisão contra o Comando Vermelho.
A ação, deflagrada nas primeiras horas da terça-feira, resultou em 64 mortos — entre eles quatro policiais — e 81 presos, configurando a operação mais letal da história fluminense.
Desde então, represálias de criminosos provocaram bloqueios e incêndios de ônibus em diversos pontos da cidade, agravando a crise e levando o governo dos EUA a emitir alerta de segurança para viajantes no Brasil.
Tupi.FM

