Litoral Norte Paulista teve crescimento de população indígena, segundo IBGE – Notícias das Praias


 

 

O IBGE divulgou ontem, sexta-feira, dia 24, o Censo Demográfico 2022 que mostra a existência de 391 etnias, povos ou grupos indígenas no Brasil. Do total da população indígena em 2022 (1.694.836 pessoas), 74,51% declararam etnia, sendo as etnias mais populosas Tikúna (74.061), Kokama (64.327) e Makuxí (53.446). No Censo de 2010, havia um total de 896.917 indígenas e 305 diferentes etnias.

O Censo identificou 295 línguas indígenas, com 474.856 falantes de dois anos ou mais de idade. As três línguas com maior número de falantes são: Tikúna (51.978), Guarani Kaiowá (38.658) e Guajajara (29.212), mas a pesquisa captou línguas faladas por grupos menores e até por uma única pessoa. Em 2010, foram identificadas 274 línguas entre os indígenas de cinco anos ou mais.

Entre 2010 e 2022, houve um aumento de falantes de língua indígena entre as pessoas indígenas de cinco anos, passando de 293.853 para 433.980 falantes. Contudo, percentualmente ocorreu uma redução no período: passando de 37,35% para 28,51%. Por outro lado, dentro de Terra Indígena, o peso de falantes de língua indígena se ampliou, passando de 57,35%, em 2010, para 63,22%, em 2022.

Litoral Norte Paulista

 

Aldeia Boa Vista em Ubatuba

Segundo os dados do censo do IBGE, a população indígena nas cidades do Litoral Norte Paulista quase que dobrou entre 2010  2022. m 2010, o censo apontou a presença de 814 indígenas nas cidades da região: 333 em Ubatuba, 313 em São Sebastião, 99 indígenas em Caraguatatuba e 69 em Ilhabela.

Em 2022, censo constatou a presença de 1380 indígenas nas cidades da região: 546 em Ubatuba, 457 em São Sebastião, 265 em Caraguatatuba, e 112 em Ilhabela.  Lembrando que existem quatro aldeias indígenas em Ubatuba (Boa Vista, Rio Bonito, Akaray Mirim e Renascer) e uma em São Sebastião (Rio Silveira). Em Caraguatatuba e Ilhabela não existem aldeias.

 

Brasil registra aumento expressivo na diversidade étnica indígena

 

Com a passagem do número de etnias de 305, em 2010, para 391, em 2022, verificou-se que dentro de Terras Indígenas foram registrados 335 etnias, povos ou grupos indígenas em 2022, número acima daquele de 2010, que foi 250. Fora de Terras Indígenas foram contabilizados 373 etnias, povos ou grupos indígenas em 2022 e 300 em 2010.

Os resultados destacam as diversas formas de organização social dos povos indígenas e múltiplos fatores devem ser considerados na sua interpretação, como os movimentos migratórios, o processo de urbanização, os processos de autoafirmação e reemergência étnica, que ocorrem quando grupos indígenas voltam a se diferenciar perante outros grupos e a sociedade não indígena. “São pessoas que se declaravam indígenas, mas não acionavam o pertencimento a uma etnia povo ou grupo indígena específico, mas que ao longo dos anos vêm valorizando esse pertencimento fruto de diferentes processos socio organizativos. Nos últimos anos, fruto também do próprio Censo, isso passa a ser valorizado”, explica Marta Antunes. “Declarar para o IBGE o seu pertencimento àquela etnia passa a ser valorizado. Depois de anos de ocultação para lidar com o racismo, principalmente no contexto urbano, se reúnem condições favoráveis para a declaração do pertencimento étnico”.

Além da declaração de 75 novas etnias, não informadas em 2022, Marta destaca outros fatores que contribuem para um aumento no número de etnias, como processos de desagregação de subgrupos que passaram a se identificar como etnias distintas, migrações recentes (como a de indígenas venezuelanos e consolidadas, e melhorias na captação e validação dos dados realizadas pelo IBGE durante o Censo 2022.

Em 2022, 73,08% dos residentes declararam ao menos uma etnia. O Censo captou, pela primeira vez, a dupla declaração de etnia, permitindo que indígenas declarem seu duplo pertencimento étnico, e 1,43% do total de indígenas declarou pertencer a duas etnias.

“Há pessoas que acionam as etnias da mãe e do pai e declaram seu duplo pertencimento étnico. Não tinha como o IBGE pedir ao informante que dissesse qual é a principal. Isso é uma riqueza que o Censo conseguiu captar”, explicou Marta.

A declaração de dupla etnia é mais comum entre os jovens de até 29 anos residentes em Terras Indígenas. Na análise por sexo, verificam-se poucas diferenças na participação de mulheres e homens nas etnias declaradas como única ou dupla etnia.

Fora de Terras Indígenas, é preciso considerar as dinâmicas distintas conforme a localização, urbana ou rural, do domicílio. Em 2022, a população indígena fora de Terras Indígenas em áreas urbanas cresceu significativamente, de 324.834 pessoas em 2010 para 844.760 pessoas em 2022. Em áreas rurais fora de Terras Indígenas o aumento foi menor, de 80.663 pessoas em 2010 para 227.232 pessoas em 2022.

São Paulo tem o maior número de etnias, povos ou grupos indígenas

São Paulo é a Unidade da Federação com o maior número de etnias, povos ou grupos indígenas identificados pelo Censo. Ao todo, foram 271 etnias declaradas. Em seguida, destacam-se o Amazonas, com 259 etnias, e a Bahia, com 233.

Em todos os estados, com exceção do Amapá, ocorreu uma ampliação do total de etnias, com destaque para Amazonas, Bahia e Goiás, em termos absolutos. Já os estados com maior aumento percentual foram Mato Grosso do Sul, Roraima e Tocantins.

Os municípios com maiores quantitativos de etnias eram São Paulo/SP (194 etnias), seguido de Manaus/AM (186), Rio de Janeiro/RJ (176) e Salvador/BA (142). Em Brasília/DF, foram identificadas 167 etnias. Fora das capitais, os que apresentaram maiores quantitativos foram Campinas (SP), com 96 etnias, Santarém (PA), com 87 e Iranduba (AM), com 77. Fernando Damasco, gerente de Territórios Tradicionais e Áreas Protegidas do IBGE, atribui o aumento da diversidade étnica em cidades médias à presença de universidades, políticas de inclusão e mobilizações indígenas.

 

Censo

  • O Censo Demográfico 2022 registrou 391 etnias, povos ou grupos indígenas residentes no Brasil. As três etnias mais populosas são Tikúna (74.061), Kokama (64.327) e Makuxí (53.446). No Censo de 2010, havia 305 diferentes etnias.
  • Entre as 29 etnias com mais de 10 mil pessoas, o maior percentual de pessoas residindo em Terra Indígena é da etnia Yanomami/Yanomán, com 94,34%, seguida da Guajajara (80,28%) e da Xavante (79,5%). A etnia com menor percentual vivendo em Terra Indígena é a Tupinambá, com apenas 1,21%.
  • São Paulo é a Unidade da Federação com o maior número de etnias (271), seguida por Amazonas (259) e Bahia (233).
  • Em 2022, havia 295 línguas indígenas faladas por pessoas indígenas com dois anos ou mais de idade. As três línguas com maior número de falantes são: Tikúna (51.978), Guarani Kaiowá (38.658) e Guajajara (29.212). Em 2010, foram identificadas 274 línguas entre os indígenas de cinco anos ou mais.
  • Entre 2010 e 2022, o número de falantes de língua indígena entre as pessoas indígenas de cinco anos ou mais aumentou de 293.853 para 433.980. Contudo, houve redução no percentual, passando de 37,35%, em 2010, para 28,51%, em 2022.
  • Entre as pessoas indígenas de cinco anos ou mais, o percentual de não falantes de português diminuiu de 17,49% (2010) para 11,93% (2022). Por outro lado, dentro de Terra Indígena, os não falantes de português aumentaram de 28,85%, em 2010, para 30,96%, em 2022.
  • Das 308 mil pessoas indígenas de 15 anos ou mais falantes de língua indígena, 78,55% (242 mil) são alfabetizados, uma taxa de alfabetização inferior à das pessoas indígenas como um todo (84,95%).
  • O percentual de crianças indígenas de até cinco anos que não têm registro de nascimento foi de 5,42%, 4,91 p.p. maior que o da população residente até cinco anos do país (0,51%).



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