A promessa iluminista


Ministro do STF
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Ministro do STF

Luís Roberto Barroso, ministro e até há pouco tempo presidente do STF, anunciou a sua aposentadoria. Barroso chegou ao STF em junho de 2014 nomeado por Dilma Rousseff. Sai, portanto, com mais de 11 (onze) anos de permanência na Suprema Corte. Sua justificativa central foi: “quero aproveitar a vida”.

Barroso tinha um perfil supostamente iluminista, alguém muito culto, muito erudito e muito elegante na manifestação dessas suas qualidades em sua atuação como magistrado. Curiosamente, conseguiu desagradar a todos, especialmente direita e esquerda.

Para a esquerda, Barroso foi leniente demais, chancelou a Lava-Jato por um bom tempo, não foi firme o suficiente com os arroubos bolsonaristas. Para a direita, ele fez “o jogo da esquerda”, perseguiu Bolsonaro e outras figuras da direita. Acabou ficando no meio do fogo cruzado.

Barroso protagonizou episódios marcante e criou frases ou pensamentos de impacto, alguns até viraram “memes”, como o famoso “perdeu, mané, não amola”, dirigido a um brasileiro em NY que o questionava sobre o resultado das eleições de 2022 e de uma possível fraude.

Em 2018 se envolveu numa ácida discussão com o Ministro Gilmar Mendes, durante uma sessão de julgamento no STF, e disparou: “me deixe fora desse seu mau sentimento. Você é uma pessoa horrível”. Juntou-se, neste particular, ao ex-Ministro Joaquim Barbosa que, em 2009, dirigindo-se ao mesmo Gilmar Mendes, presidente da Corte na ocasião, afirmou: “não sou um dos seus capangas”.

Em 2021, estando como presidente do TSE e tendo que lidar com as constantes críticas de Jair Bolsonaro, presidente da República àquela altura, parafraseou o próprio líder direitista: “conheceis a mentira e a mentira te aprisionará”.

Seja como for, Barroso não parece ter preenchido as expectativas iluministas projetadas sobre ele. Entre a promessa e o processo de concretização dessa promessa, foi ultrapassado pela realidade, principalmente a realidade da própria Corte, do próprio STF, cujas relações internas de poder são mais complexas e pesadas do que se possa imaginar.



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