A goleada por 5 a 0 sobre a Coreia do Sul foi a melhor atuação da seleção brasileira nos últimos anos. A equipe foi muito bem na estratégia, individualmente e na atitude, como quer Carlo Ancelotti. O time foi compacto, intenso, pressionou em bloco na marcação. Quando não dava para recuperar a bola à frente, voltava com os dois atacantes pelos lados (Rodrygo pela esquerda e Estêvão pela direita), além de Matheus Cunha pelo centro. Apenas Vinicius Junior, centralizado, ficava adiantado. Quando a seleção tinha a bola, cinco jogadores estavam no ataque. Foi uma aula de futebol moderno.
Como nos seus melhores momentos no Real Madrid, Rodrygo, pela esquerda, e Vinicius Junior pelo centro, alternavam-se e criavam belíssimas jogadas. Todos foram muito bem. Com Raphinha, o ataque fica ainda mais forte. Apenas os dois laterais continuaram tímidos no apoio ao ataque.
Antes da partida, Ancelotti disse que a atitude dos jogadores é mais importante do que a estratégia. Acrescento à atitude o talento individual. Repito, pela milésima vez, os técnicos são importantíssimos, essenciais, mas são superdimensionados nas derrotas e nas vitórias, embora existam, em todas as profissões, diferenças na eficiência. Ancelotti é um treinador especial.
Na vida e no futebol, continuo com as minhas dúvidas e incertezas, com muitas perguntas e poucas respostas exatas. Qual será a melhor formação tática quando o Brasil enfrentar as principais seleções do mundo?
Por que tantos elogiam Pedro, pedem a sua convocação para a seleção, mas ele continua na reserva do Flamengo? Por que o Palmeiras ganha mesmo quando não agrada? Muitos confundem jogar bem com jogar de maneira bonita. Há muitas maneiras de ser eficiente.
Por que o Mirassol, que era considerado um forte concorrente ao rebaixamento no início do Brasileirão, é o quarto colocado, com boas chances de conquistar uma vaga na Libertadores?
Por que o jovem e habilidoso Wallace Yan, do Flamengo, é tão desmiolado, indisciplinado e agressivo durante as partidas? Ele precisa de apoio, de punição e de orientações técnicas, comportamentais e psicológicas.
Por que o goleiro Fábio, 44 anos, o jogador de mais partidas profissionais na história do futebol, continua brilhando sem dar chances para alguém dizer que ele é um “ex-atleta em atividade”? Hulk, que há tempos não se destaca, está no ocaso ou é apenas um momento ruim? Vamos esperar para ver. “A vida dá muitas voltas, a vida nem é da gente” (João Guimarães Rosa).
Por que o Brasil está tão radicalizado, com os dois lados e o Congresso preocupados com picuinhas, vitórias eleitorais e ações populistas, sem criar estruturas sólidas que possam mudar o futuro do país?
Escolas públicas
Nos anos de 1963 a 1965, nos meus 16 aos 18 anos, quando já era profissional no Cruzeiro, fiz o curso científico, antes do vestibular, no colégio Estadual Central, em Belo Horizonte, patrimônio tombado, símbolo de ótima educação e de arquitetura, pois a edificação foi projetada por Oscar Niemeyer. Na época, as melhores escolas eram as públicas. Lamento saber que o governo estadual tenta transferir o colégio para a União em pagamento de dívidas financeiras. A comunidade ligada ao colégio está mobilizada contra a proposta.
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Folha de S.Paulo