Potência nos esportes paralímpicos, o Brasil conquistou resultados importantes nas últimas duas semanas, nos Mundiais de natação e de atletismo realizados em Singapura e na Índia, respectivamente.
No Mundial paralímpico de atletismo, o país alcançou, pela primeira vez, a liderança no quadro de medalhas.
Durante a competição disputada em Nova Déli, entre 26 de setembro e 5 de outubro, o Brasil conquistou 15 ouros, 20 pratas e nove bronzes, com um total de 44 medalhas. A China ficou na segunda colocação, com 13 ouros, 22 pratas e 17 bronzes, sendo 52 no total.
Em 12 edições, essa foi apenas a segunda vez em que os chineses não ficaram na liderança no quadro de medalhas.
A primeira havia sido em 2013, em Lyon, quando os russos ficaram na frente e os chineses ocuparam a sexta colocação.
Até então, a melhor campanha brasileira havia sido em Kobe, no Japão, em 2024, quando o país terminou na segunda posição do quadro de medalhas, atrás da China. Foram 42 pódios, sendo 19 medalhas de ouro.
“O resultado foi espetacular. Foi uma competição de nível de Paralimpíada, com novos atletas que estão chegando para o próximo ciclo, além dos já consagrados”, afirmou Jonas Freire, diretor de alto rendimento do CPB, à Folha.
Em Paris-2024, o Brasil havia conquistado dez medalhas de ouro nas provas de atletismo, com uma “evolução incrível” em um intervalo de aproximadamente 12 meses.
Segundo Freire, embora se tratem de competições diferentes, é possível comparar as Paralimpíadas com os Mundiais, tendo em vista que o nível dos atletas que participam das duas costuma ser parecido.
“Não é o trabalho de um ano. É um trabalho de longo prazo, de praticamente oito anos, que está culminando agora nesses resultados”, disse Freire.
Entre os medalhistas na Índia, nomes familiares do público brasileiro voltaram a subir no lugar mais alto do pódio, como Petrúcio Ferreira, dono de três ouros em Paralimpíadas e que sagrou-se pentacampeão mundial na prova dos 100 metros na categoria T47 (com deficiência nos membros superiores), e Jerusa Geber, que faturou dois ouros —100 m e 200 m na categoria T11 (deficiência visual)— e tornou-se a maior medalhista do país em mundiais, com 13 pódios.
Também tiveram destaque nomes estreantes em mundiais, como da potiguar Clara Daniele, que cruzou em segundo lugar na prova dos 200 metros na categoria T12 (deficiência visual), mas assumiu o ouro após a arbitragem desclassificar a venezuelana Alejandra Paola Lopez, por interferência do atleta-guia.
Segundo o diretor do CPB, o ano de 2026 não terá grandes competições internacionais no calendário, com um planejamento específico junto aos atletas e seus treinadores para mantê-los focados e motivados.
“Em 2027, teremos novamente o Mundial, além do ParaPanAmericano, eventos importantes e já preparatórios para os Jogos de Los Angeles”, afirmou Freire. “O foco agora é manter os bons resultados pelos próximos três anos para conseguir repetir o desempenho que tivemos no Mundial.”
Gabrielzinho e Carol Santiago lideram Brasil no Mundial de natação
No Mundial de Natação, que aconteceu entre 21 e 27 de setembro, a equipe do Brasil encerrou a competição em sexto, com 39 medalhas, sendo 13 de ouro. A liderança foi da Itália, com 46 medalhas, 18 de ouro.
A melhor campanha do Brasil foi na Ilha da Madeira, em Portugal, em 2022, quando conquistou 53 medalhas, 19 de ouro, e a terceira colocação no quadro geral.
Na edição anterior, em Manchester, na Inglaterra, em 2023, a seleção brasileira ficou na quarta colocação no quadro geral, com 46 medalhas, 16 de ouro.
Principais nomes do país durante as Paralimpíadas na França, quando o país voltou com sete ouros, Gabrielzinho e Carol Santiago voltaram a liderar o time brasileiro.
Dono de seis medalhas paralímpicas, três delas em Paris, Gabrielzinho conquistou mais três ouros no Mundial de Singapura —nos 50 m e 100 m costas e nos 200 m livre, na categoria S2 (limitações físico-motoras)—, sagrando-se tricampeão mundial nas três.
Já Carol Santiago conquistou mais quatro ouros em mundiais —nos 100 m costas na categoria S12 (nadadores com deficiência visual pequena, mas ainda assim significativa) e nos 50 m livre, 100 m livre e no revezamento 4 × 100 m medley na categoria S2 (deficiência física severa)—, elevando o total de pódios na competição para 23.
“A Carol e o Gabrielzinho são dois superatletas que têm tudo para liderar esse grupo na obtenção de medalhas e também na experiência”, afirmou Freire.
Ele também chamou a atenção para nomes promissores da nova geração, caso da paulista Alessandra Oliveira, de 17 anos. A atleta participou de projetos do CPB desde as primeiras iniciações esportivas ainda na infância e faturou o título e o recorde mundial nos 100 metros peito, na categoria SB4 (comprometimento físico-motor).
“Alguns de nossos atletas fizeram suas melhores marcas, outros recordes mundiais e das Américas, e temos novos atletas surgindo. Isso traz perspectivas ótimas.”
Folha de S.Paulo