O envelhecimento do Brasil


O retrato do Brasil nas próximas décadas
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O retrato do Brasil nas próximas décadas

A população brasileira vai envelhecer antes que tenhamos alcançado um padrão de bem-estar social elevado. A pandemia deixou sua marca com cerca de 700 mil mortos, antecipando a redução populacional para o fim desta década. Pelas estimativas anteriores, esse envelhecimento só aconteceria na segunda metade da década de 2030.

Essa população menor estará mais idosa: um em cada quatro brasileiros terá 60 anos ou mais em 2040. A enorme parcela de mão de obra jovem que marcou o Brasil durante as últimas décadas vai diminuir em todo o país, inclusive no Norte, a mais jovem de nossas regiões.

Daqui a vinte anos, não teremos conseguido erradicar totalmente a pobreza, nem alcançar a totalização dos jovens no ensino médio ou superior, e seguiremos como um país ainda bastante desigual. Especialistas que fizeram previsões para o Brasil daqui a vinte anos, tomando por base o desempenho das últimas décadas, alertam que, se não acelerarmos o investimento em educação e no combate à pobreza, seguiremos com problemas há muito superados no mundo desenvolvido.

Teremos também que aumentar os recursos destinados à saúde, já que haverá cerca de trinta milhões de pessoas com setenta anos ou mais em 2040.

Com uma mão de obra menor, será necessário que ela seja mais qualificada. Teremos de investir mais em inovação e desenvolvimento tecnológico para aumentar a produtividade e compensar a diminuição do crescimento demográfico. Ter uma força de trabalho mais bem formada, com salários mais altos, ajudaria também no financiamento da previdência social.

Com menos habitantes demandando educação, será possível melhorar a qualidade do ensino. As crianças que estão nascendo são, em sua maioria, de famílias pobres, e será preciso investir em saúde e nutrição para focar nessas crianças, além de combater a alta mortalidade de jovens negros.

Estamos perdendo população jovem porque não estão nascendo ou por morte precoce. A população vai diminuir porque as mulheres passaram a ter menos filhos. Entre 1940 e 1960, elas tinham em média 6,2 filhos; hoje têm 1,7. Desde 2000, a taxa de natalidade está abaixo do nível necessário para repor a população, que seria de 2,1 filhos por mulher.

Durante a pandemia houve menos nascimentos, e a mortalidade materna foi sete vezes maior do que a média mundial.

Na educação, ainda há uma janela estreita de oportunidade para formar essa população jovem que está diminuindo. A população em idade escolar vai cair 12%, para cerca de 3,3 milhões de estudantes. O desafio será manter o mesmo nível de investimento público mesmo com menos alunos.

O aprendizado voltou aos níveis próximos de 2008. É preciso acelerar tanto a melhora educacional quanto diminuir a desigualdade racial e regional no acesso à educação pública e privada.

Se perdermos esse barco, o Brasil ficará em um limbo e será um país de segunda linha. Sem melhorar a educação, a perspectiva de crescimento do Brasil é pequena.

Com menos mão de obra, a expansão do PIB virá principalmente do aumento de produtividade via educação. Teremos de aumentar os investimentos em educação esta é uma tarefa prioritária para o nosso governo.



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