As mudanças promovidas pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol) no calendário do futebol para o quadriênio 2026-2029, que incluíram novos formatos para a terceira e a quarta divisões do Campeonato Brasileiro, foram bem recebidas por clubes paulistas que disputaram a última divisão nacional neste ano.
A Série C terá apenas dois rebaixados na próxima edição e um aumento de quatro participantes a partir de 2027, com um novo formato de disputa no ano seguinte. A Série D passará de 64 para 96 clubes já em 2026, distribuindo seis vagas à divisão de cima.
A alteração teve como principal objetivo aumentar o número de partidas na “base da pirâmide”. Ela foi bem recebida por dirigentes, que veem a possibilidade de se planejar com maior antecedência para a temporada, com a perspectiva de ter um calendário nacional espaçado ao longo do ano.
“São mudanças positivas, que já vinham sendo discutidas havia alguns meses com os clubes. A CBF fez inúmeros estudos com as datas para que o futebol brasileiro possa estruturalmente, e em um futuro próximo, voltar a ser o melhor do mundo, e precisa ser apoiada pelos clubes”, afirmou o presidente da Inter de Limeira, Danilo Rodrigues Maluf, à Folha.
Após ter sido rebaixado no Campeonato Paulista, o time do interior garantiu o acesso à Série C como um dos quatro semifinalistas da Série D em 2025, retornando à terceira divisão após 22 anos.
Segundo o dirigente, a cada ano a Série D se mostra um campeonato mais competitivo, com “pelo menos 20 clubes” com condições de conseguir o acesso.
“A CBF tem investido verbas em logística e cotas, e isso tem aumentado o nível dos profissionais, não só jogadores e comissões técnicas, mas também todos os departamentos envolvidos: medicina, fisiologia, fisioterapia, nutrição esportiva, comunicação, marketing e psicologia”, afirmou Maluf.
Em 2025, o investimento da CBF na Série D deve somar cerca de R$ 130 milhões, uma alta de 18,2% na comparação com os R$ 110 milhões do ano anterior.
Entre folhas salariais de atletas, comissão técnica e outros profissionais envolvidos, além de premiações por performance, o time de Limeira gastou cerca de R$ 4 milhões na campanha do acesso.
A Portuguesa, que se tornou SAF (Sociedade Anônima de Futebol) no fim de 2024 e voltou a disputar a Série D em 2025 depois de quatro anos sem divisão nacional, acabou eliminada na segunda fase pelo Mixto-MT, nos pênaltis.
Vice-presidente de futebol da Portuguesa, Tadeu Oliveira Júnior disse que o clube teve um “bom aprendizado” com o retorno à disputa da Série D. Ele elogiou as alterações da CBF.
“Encaramos com bons olhos. São mudanças positivas, que possibilitam novas oportunidades para os clubes. É muito importante poder planejar com antecedência, entender o que vem pela frente, e o novo calendário proporciona isso”, afirmou.
Estão garantidos na Série D de 2026, entre 5 de abril e 13 de setembro, os quatro rebaixados da Série C —CSA, ABC, Retrô e Tombense. Haverá ainda 64 vagas distribuídas às federações estaduais, com base no ranking da CBF.
Os 28 clubes que avançaram até a segunda fase da Série D em 2025 também estão garantidos, excluídos os já classificados pelo critério anterior. As vagas restantes serão distribuídas considerando o ranking de clubes.
“Estamos promovendo uma maior inclusão nacional de clubes, com um calendário mais estável e previsível”, afirmou Julio Avellar, diretor de competições da CBF.
Na nova Série D, os clubes serão divididos em 16 grupos de seis equipes, com as quatro melhores avançando para a fase de mata-mata. Os quatro semifinalistas garantem vaga na Série C. As duas vagas restantes serão definidas via “playoff”, com partidas de ida e volta, entre os quatro times desclassificados nas quartas de final.
A Série C, por sua vez, estreará novo formato a partir de 2028, abandonando o modelo vigente em duas fases. Atualmente, os 20 times jogam entre si na fase de grupos, com os oito primeiros avançando. São divididos então em dois grupos, com os dois melhores de cada garantindo o acesso.
Daqui a três anos, inflada com 28 equipes, a Série C passará a ser dividida em dois grupos de 14, com jogos de ida e volta. Os quatro melhores em cada grupo avançam, com a fase final mantendo o atual formato. Seis clubes serão rebaixados à Série D de 2029, os três piores de cada grupo.
“Teremos mais representatividade regional. Estamos engordando também o meio da pirâmide, dando mais oportunidade de calendário nacional para as equipes”, afirmou Avellar.
“Entendemos que há um crescimento esportivo e técnico, uma expansão da audiência e da valorização comercial, porque é um formato mais atrativo. É um fomento à economia local, uma série de empregos que podem ser gerados na cadeia produtiva do futebol”, acrescentou o diretor.
Novidades na Série C e na Série D do Campeonato Brasileiro
Série C
– 2026
20 clubes, com manutenção do formato atual
Dois clubes rebaixados para a Série D
– 2027
24 clubes, com manutenção do formato atual
Dois clubes rebaixados para a Série D
– 2028
28 clubes, com novo formato
Seis clubes rebaixados para a Série D
Série D
– A partir de 2026
Aumento de 64 para 96 clubes
Aumento de 510 para 610 partidas
Mínimo de 10 a 14 partidas por clube
Máximo de 22 partidas para os finalistas
Seis clubes garantem acesso à Série C
Folha de S.Paulo