Novo planeta errante surpreende ao crescer em ritmo recorde


Cientistas descobriram um
Divulgação/Observatório Europeu do Sul

Cientistas descobriram um “surto de crescimento” no planeta

Astrônomos descobriram um “planeta errante” que cresce em um nível de estrela, ao ser flagrado engolindo cerca de 6 bilhões de toneladas de gás e poeira por segundo. O fenômeno é inédito e levantou questões sobre o comportamento de planetas, segundo a publicação do Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês) na quinta-feira (02).

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Diferente dos planetas do nosso sistema solar, um chamado de “errante” vaga livremente pelo espaço, sem orbitar uma estrela. O chamado Cha 1107-7626 está localizado a 620 anos-luz da Terra, na constelação Chamaeleon.

Planetas errantes

Estima-se que existam trilhões de  planetas errantes apenas na Via Láctea, embora sejam extremamente difíceis de detectar, já que vagam sozinhos na escuridão do espaço.

“Costumamos pensar em planetas como mundos estáveis e tranquilos, mas essa descoberta mostra que objetos de massa planetária flutuando livremente podem ser lugares muito mais dinâmicos” , afirmou Víctor Almendros-Abad, um dos autores do estudo.

Os cientistas observaram um súbito “surto de crescimento” no corpo celeste, com uma massa entre cinco e dez vezes maior que Júpiter. A idade do planeta foi estimada de 1 a 2 milhões de anos, o que significa que ainda está em formação.

Crescimento inédito

O planeta cresce ao sugar matéria de um disco de poeira e gás que o envolve, em um processo conhecido como acréscimo. No entanto, o comportamento observado em agosto deste ano surpreendeu os astrônomos: o planeta passou a devorar matéria oito vezes mais rápido do que nos meses anteriores, atingindo a taxa recorde de 6 bilhões de toneladas por segundo.

“É o episódio de crescimento mais intenso já registrado em um objeto de massa planetária” , explicou o observatório, na publicação.

Segundo os pesquisadores, o evento “borra a linha entre estrelas e planetas”, já que fenômenos semelhantes só haviam sido observados em estrelas jovens.

Durante o processo, a equipe detectou atividade magnética intensa, responsável por empurrar a matéria em direção ao planeta, e notou mudanças químicas no disco: vapor d’água foi identificado apenas durante o surto de acreção.

A descoberta indica que planetas gigantes podem se formar do mesmo modo que as estrelas, a partir do colapso de nuvens de gás e poeira.

As observações foram realizadas com o Very Large Telescope, do Observatório Europeu do Sul, no Chile, e complementadas por dados do Telescópio Espacial James Webb, que recentemente revelou imagens detalhadas de uma das regiões mais ativas de formação estelar da Via Láctea.



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