Mais um passo em direção ao abismo


Unicamp.
Reprodução/Estratégia Vestibulares

Unicamp.

* Por Marcos L Süsskind 

Em 20 de julho de 1969 o astronauta Neil Armstrong disse: “É um pequeno passo para um homem, um grande salto para a humanidade “. Hoje, infelizmente podemos dizer: “É um pequeno passo para um homem, um grande salto para o abismo “.

A referência é ao reitor da Unicamp, Paulo Cesar Montagner que anunciou a rescisão unilateral e imediata do acordo de cooperação com o Instituto de Tecnologia de Israel‎ (Technion). 

Com esta decisão, perde o Brasil e perdem principalmente os alunos da Unicamp. O Technion, segundo o Times Ranking (THE) é a 12ª melhor Universidade de Tecnologia enquanto a Unicamp está no grupo de 351 a 400 (apenas as 100 melhores são individualmente ranqueadas).

Foram desenvolvidos no Technion alguns produtos que todos os 40.000 alunos da Unicamp usam diariamente. Exemplos: o conector USB, o Waze, o Pen Drive, a impressora a jato de tinta. Existem Invenções da Unicamp que os 15.00 alunos do Technion usam diariamente?

Mas não só na área tecnológica é que o Technion excede. Foi em seus laboratórios que se desenvolveu a irrigação por gotejamento que economiza 70% do uso de água na agricultura; o medicamento anti-Parkinson Azilect; o algoritmo de compressão de dados; a descoberta da degradação de proteínas, os quasicristais, o sistema Iron Dome; o exoesqueleto para paraplégicos, e as Super lentes para estudo de corpos celestes. 

Israel é detentora de 13 Prêmios Nobel e o Technion tem 4 professores com o Nobel. O Technion sozinho  detém mais Prêmios Nobel que países como a Irlanda, Espanha, Portugal, Romênia entre outros. O Technion é chamado de MIT de Israel e há um número expressivo de seus graduados lecionando no MIT de Boston.

A decisão da Reitoria da Unicamp seguramente será comemorada no DCE – Diretório Acadêmico da Unicamp, será motivo de calorosos aplausos nas rodas de chopp. Será motivo de orgulho de professores “progressistas”. Mas, pergunta-se: será justo privar o Brasil e os alunos da Unicamp desta fonte de conhecimento? Brecar a possibilidade de alunos brasileiros estagiarem num centro de excelência?

Esta decisão anacrônica não tem nenhum relacionamento com o saber – é apenas a sequência de bravatas iniciadas pelo atual Presidente da República, respaldada por seu Ministério do Exterior e por partidos que usam a cor vermelha em suas bandeiras. O reitor fica “bem na fita” com o governo e com a massa de alunos. Enquanto isso, os Estados Unidos, a Coréia do Sul, Alemanha, Itália, China, Holanda, Russia, Índia e Dinamarca trocam conhecimentos, tecnologia e estágios com o Technion. 

Serão eles os imbecis enquanto a Unicamp é a iluminada?

Ponto para reflexão.

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal iG



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