
Filipe Luís comanda o Flamengo no empate sem gols com o Cruzeiro no Maracanã
Todo treinador tem as próprias convicções e preferências, seja por um esquema tático, proposta de jogo ou perfil de jogador. É natural que seja assim. Os maiores treinadores do futebol mundial certamente são o que são, em boa parte, por suas convicções.
O problema é quando elas se tornam dogmas imutáveis na cabeça do técnico, algo que ele é incapaz de abrir mão em determinados momentos. Acredita tanto nas próprias ideias e preferências que só enxerga as soluções através delas, independentemente do que está acontecendo dentro do campo, do clima do jogo.
Filipe Luís, embora tenha demonstrado muito potencial e ótimas qualidades, tem se apresentado como um treinador convicto até demais e isso tem outro nome: teimosia. O empate com o Cruzeiro na noite de quinta-feira no Maracanã foi apenas mais um jogo para exemplificar esse problema.
O ainda inexperiente treinador rubro-negro cobra muita intensidade da equipe e, assim, muitas vezes privilegia jogadores mais físicos que técnicos. Qual time hoje no Brasil abriria mão de ter um atacante como o Pedro no time titular para fazer uma marcação pressão mais eficiente?
Qualquer torcedor sabe: o nosso camisa 9 é um dos melhores jogadores do elenco e, tranquilamente, o centroavante mais capacitado do Brasil. Mas para Filipe isso não parece ser o suficiente.
“Pontas, dois volantes e um meia sempre lá”
Quantas vezes ele mudou o esquema de jogo, seja para iniciar uma partida ou durante o decorrer da mesma? Precisaria pesquisar, mas arrisco a dizer que, se aconteceu, foram em raríssimas oportunidades.
Os pontas estão sempre lá. Os dois volantes. Um meia. Lembro que nas primeiras coletivas ele dizia que tinha várias formas de jogar, mas, aparentemente, ele mesmo se esqueceu disso.
E o Bruno Henrique? O que ele tem apresentado para ser sempre a primeira opção do treinador quando está no banco e até jogar improvisado quando começa de titular (aliás, improvisação que não se justificou até hoje)? BH é um ídolo histórico do clube, mas a temporada que faz não explica a preferência por ele.
Não faltaram oportunidades para Filipe abrir mão, nem que fosse por alguns períodos de determinados jogos, de algumas convicções. Reflexo da inexperiência? Um certo conservadorismo de quem está no início da carreira? O tempo vai dizer.
Potencial e resultados
E também antes que falem, essas são críticas pontuais e, acredito eu, merecidas. Mas sigo defendendo que Filipe Luís é um técnico de muito potencial, que pratica ótimo futebol, entrega resultados e o Flamengo deveria fazer de tudo para contar com ele por muitos anos.
Mas que ele esteja atento, porque quando as convicções viram teimosia, geralmente é um caminho sem volta.
Portal IG