Quantas vezes o Brasil mudou de capital?


Bandeira do Brasil
Reprodução/ Pixabay

Bandeira do Brasil

A Câmara dos Deputados aprovou na última quinta-feira (25) o projeto de Lei que transfere simbolicamente a capital do Brasil de Brasília, no Distrito Federal, para Belém, no Pará, durante o período da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), entre os dias 11 e 21 de novembro. 

A proposta não é exatamente uma grande surpreesa para o país. Isso porque o Brasil já mudou de capital três vezes ao longo de sua história.

Cada transição refletiu não apenas questões administrativas, mas também interesses estratégicos, comerciais, políticos e de identidade nacional.

Confira a seguir, quais foram as capitais do Brasil ao longo do tempo:

Salvador (BA): a primeira capital do Brasil 

Fundada em 1549, Salvador (BA), inicialmente nomeada de São Salvador da Bahia de Todos os Santos, se tornou a primeira capital do país por estar localizada em área de maior extração de pau-brasil e por ser a principal produtora de açúcar. 

A cidade também tinha como ponto forte a sua localização, que facilitava a exportação desses produtos para outros países. Além disso, a capital baiana foi palco de grandes conflitos entre os portugueses e os indígenas, que marcaram a sua fundação. 

Tomé de Souza foi o primeiro governador-geral do país e teve como homenagem uma praça em seu nome, situada no Centro Histórico de Salvador, um dos principais atrativos turísticos do destino e Patrimônio Mundial da Unesco.

Durante 214 anos, Salvador foi a capital do Brasil. Porém, a situação mudou com a descoberta de ouro e o declínio da produção da cana de açúcar.

Quando o minério precioso foi encontrado em Minas Gerais, Salvador perdeu o posto de porto mais importante.

Rio de Janeiro (RJ): a escolha do império em busca de ouro 

Em 1763, a capital do estado do Brasil foi transferida para o Rio de Janeiro (RJ).  A mudança de capital atendeu à necessidade de estar mais próxima das regiões mineradoras de Minas Gerais, que naquele momento eram de interesses econômicos da Coroa.

Décadas depois, em 1808, a cidade ganhou ainda mais importância ao receber a família real portuguesa, que se instalou no Rio fugindo da ameaça de invasão napoleônica.

Após o retorno da corte para Lisboa, em Portugal, e a proclamação da independência do Brasil foi declarada em 1822, o ouro já havia perdido o protagonismo e o café surgia como a nova riqueza do país.

O Rio continuou crescendo ao longo do século XIX, mas em 1889, a abolição da escravatura e colheitas escassas interromperam o progresso. Esse período de agitação social e política levou à Proclamação da República.

Ainda assim, o Rio, então chamado Distrito Federal, continuou sendo o centro político e a capital do país.

No início do século XX, a cidade ganhou avenidas largas, praças e edifícios monumentais, a maioria inspirados no estilo francês fin-de-siècle.

A capital se manteve no Rio até 1960, quando Brasília foi inaugurada e assumiu oficialmente o posto.

Brasília (DF): a atual capital do país 

A mudança da capital para Brasília, inaugurada em 1960, era um antigo projeto já cogitado desde o período colonial e previsto na Constituição de 1891. No entanto, a ideia só se concretizou durante o governo de Juscelino Kubitschek, que transformou o plano em realidade. 

A nova capital nasceu com o propósito de integrar o território nacional, impulsionar o desenvolvimento do interior e simbolizar um novo ciclo de modernização do país.

A ideia de uma capital no interior para garantir a segurança do país longe dos portos, surgiu em 1823, com José Bonifácio de Andrade e Silva, o Patriarca da Independência. Ele também sugeriu o nome Brasília.

Em 1892, foi nomeada a Comissão Exploradora do Planalto Central, chefiada pelo astrônomo Luiz Cruls e composta por especialistas de diversas áreas, como médicos, geólogos e botânicos. 

O grupo realizou estudos sobre o relevo, clima, geologia, flora, fauna e recursos naturais da região, que ficou conhecida como Quadrilátero Cruls e foi apresentada ao Governo Republicano em 1894.

Apenas em 1955 foi definida a área de 50 mil quilômetros quadrados, que hoje corresponde ao Distrito Federal. No ano seguinte, em abril de 1956, durante o governo de Juscelino Kubitschek, teve início a construção da nova capital. 

Para viabilizar o projeto, foi criada a Companhia Urbanizadora da Nova Capital ( NOVACAP) e, por meio da lei nº 2.874, o governo lançou o edital do concurso público que definiria o Plano Piloto.

Lúcio Costa venceu o concurso com o projeto urbanístico de Brasília, concebido a partir do cruzamento de dois eixos em ângulo reto, lembrando o formato de uma cruz. Um deles, levemente inclinado, dando à cruz a forma de um avião. 

O outro, chamado Eixo Monumental, com 16 km de extensão, concentra os prédios públicos e palácios do Governo Federal no lado leste. No centro ficam a rodoviária e a torre de TV, e no lado oeste, as sedes do Governo do Distrito Federal. 

Já os principais projetos arquitetônicos da capital foram assinados por Oscar Niemeyer.

No dia 21 de abril de 1960, a estrutura básica da cidade foi edificada e Brasília foi então finalmente inaugurada.



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