Nasce um novo craque – 30/09/2025 – Tostão


Minha solidariedade aos familiares e amigos do narrador e apresentador Paulo Soares. Tenho orgulho, satisfação e saudades do pouco tempo em que trabalhei a seu lado na ESPN.

Após a vitória do Bahia sobre o Palmeiras, por 1 a 0, Abel Ferreira fez duras críticas ao gramado da Fonte Nova, em Salvador, que teria sido responsável pelas contusões dos jogadores. Rogério Ceni retrucou ao falar que o gramado não é bom, mas que prejudica mais o Bahia, que troca mais passes desde a defesa, que o Palmeiras, que usa demais a bola longa da defesa para o ataque.

Não é bem assim. O Palmeiras, muitas vezes, sai com troca de passes da defesa, e o Bahia, às vezes, utiliza o passe longo, como no gol da vitória contra o Palmeiras, em belo lançamento do goleiro Ronaldo para Ademir fazer um golaço.

São dois vaidosos treinadores. Nas profundezas da alma, onde moram os sonhos, os mistérios, os pecados e as santidades, os dois, que são ótimos técnicos, querem ser os melhores do mundo.

No jogo, um comentarista disse que Everton Ribeiro deveria jogar mais perto do gol. Discordo. No meio-campo ele tem mais a bola, e a trata com muito carinho e talento. O que falta ao meio-campista é a intensidade de atuar de uma intermediária à outra, de marcar, construir e chegar ao ataque. Se ele tivesse sido preparado para fazer isso nas categorias de base, poderia hoje ser um Pedri, do Barcelona, um Vitinha, do PSG, e, pelo menos, um Bruno Guimarães, titular da seleção brasileira.

Quando eu jogava no Cruzeiro, meu pai me dizia que o melhor jogador do mundo era Pelé, mas que o único que brilhava de uma intermediária à outra era Di Stéfano, do Real Madrid. Eu, que era um meia-atacante, passei a iniciar as jogadas no próprio campo. Quando chegava ao campo do adversário, estava cansado, sem força nas pernas. Desisti de ser um Di Stéfano e contentei-me em ser apenas o Tostão.

No fim de semana, Palmeiras e Cruzeiro perderam e o Flamengo venceu, distanciando-se dos dois concorrentes. Se o Palmeiras for derrotado pelo Vasco (1°/10) e o Cruzeiro perder para o Flamengo (2/10), será a despedida do Cruzeiro do sonho de ser campeão do Brasileirão.

O Corinthians sem Memphis e Garro torna-se um time mediano, ainda mais que o elenco é fraco. As substituições feitas no segundo tempo por Dorival Júnior contra o Flamengo pioraram a equipe. Talles Magno entra em quase todas as partidas e sempre joga mal.

O Cruzeiro, contra o Flamengo, deve utilizar a estratégia do Corinthians, que funcionou bem em grande parte do jogo, com lançamentos longos nas costas dos adiantados defensores do Flamengo. O Cruzeiro já atua dessa forma, com o veloz e hábil Kaio Jorge.

A escalação de Carrascal desde o início contra o Corinthians, armando as jogadas pela direita e pelo centro, no lugar de o time atuar com dois pontas abertos, tornou o ataque do Flamengo menos previsível e com mais repertório de jogadas.

Arrascaeta evoluiu. Em vez de atuar como um clássico meia de ligação, recuando bastante para receber a bola, ele passou a jogar mais perto da área e do gol. Tem menos a bola, porém sabe esperar o momento certo de definir os lances. Ele, que já era um ótimo jogador, tornou-se um craque, conciso e minimalista, com tacadas precisas no canto do goleiro.

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Folha de S.Paulo