Federação alertou em abril sobre fraudes em 36% das bebidas


Polícia investiga série de casos de intoxicação de pessoas que teriam consumido bebidas alcóolicas adulteradas com metanol
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Polícia investiga série de casos de intoxicação de pessoas que teriam consumido bebidas alcóolicas adulteradas com metanol

Um estudo realizado no Núcleo de Pesquisa e Estatística da Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp),  divulgado em abril, apurou que 36% das bebidas comercializadas no Brasil eram fraudadas, falsificadas ou contrabandeadas.

Ainda de acordo com o relatório da Fhroesp, que representa legitimamente 500 mil empresas paulistas, entre hotéis, bares, restaurantes, lanchonetes e padarias, e mais de 20 sindicatos patronais, os produtos mais afetados com a prática criminosa são vinhos e destilados.

Outro alerta importante apontado é que uma a cada cinco garrafas de vodca vendidas no país é falsificada.

Casos de morte na Grande SP

Quase seis meses depois da divulgação da pesquisa e seus dados alarmantes, o problema ficou em evidência, neste fim de semana, com uma série de casos de intoxicação de pessoas que teriam consumido bebidas alcóolicas adulteradas com metanol, na Grande São Paulo.

Até o momento, três mortes foram confirmadas pelas autoridades – duas em São Bernardo do Campo e uma na capital. Pelo menos outros nove casos de internações por intoxicação estão sendo investigados.

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Diante dos fatos, a Fhoresp voltou a reforçar em suas plataformas oficiais o alerta sobre a urgência de as autoridades combaterem a falsificação de bebidas no Brasil.

De acordo com a Federação, trata-se de uma prática criminosa, que antes deixava somente rastro de sonegação fiscal, agora atenta contra a saúde da população.

Os casos estão sendo investigados pela polícia.

Por isso, para a Fhoresp, é preciso que as autoridades coloquem em prática ação articulada que desmantele o esquema das falsificações.

Segundo o diretor-executivo da entidade, Edson Pinto, os consumidores e os empresários são as principais vítimas dos golpistas:

Ele afirma que a Federação está acompanhando com muita atenção os casos de intoxicação, nos últimos dias, possivelmente por metanol, e salientou que a maioria dos negócios do ramo de bares e de restaurantes age de forma correta.

No domingo (28),  a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) també, publicou uma nota técnica com recomendações emergenciais aos comerciantes.

A Fhoresp acredita que o comerciante se torna vítima ao receber produtos adulterados de fornecedores.

“Mas há quem compactue com ilegalidades. Há seis meses, já havíamos alertado o mercado sobre a prática, por meio do levantamento que nos apresentou porcentagens assustadoras de fraude. Se as autoridades não agirem firmemente, este esquema, que agora está colocando também vidas em risco, não chega ao fim nunca”, adverte.

Ainda na opinião do diretor-executivo da Federação, os números demonstram que “há um grande esquema de adulteração em larga escala em território nacional”.

O Centro de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox) de Campinas (SP) confirmou a presença de metanol em amostras de bebidas analisadas nos casos de intoxicação.

“Pessoas estão sofrendo com sequelas gravíssimas. É preciso que o Estado e demais órgãos de fiscalização tenha um controle maior sobre a distribuição das bebidas, a fim de assegurar aos consumidores e aos estabelecimentos a procedência dos produtos”, cobra Edson Pinto.

O metanol é um tipo de álcool altamente tóxico. Uma única dose pode resultar em visão turva, dor abdominal, tontura, náusea e convulsão.

Segundo especialistas, o componente pode, ainda, provocar danos irreversíveis ao cérebro, ao fígado e ao nervo óptico e, em casos graves, levar à morte.



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