Bolsonaro manda Eduardo fechar a boca. A ficha caiu?


O deputado fugitivo Eduardo Bolsonaro
Reprodução/Youtube

O deputado fugitivo Eduardo Bolsonaro

Jair Bolsonaro tentou fincar estacas na política brasileira instalando os filhos (e amigos e familiares) em tudo o que é cargo eletivo (ou não).

Ajudou a eleger o primogênito Flávio Bolsonaro senador pelo Rio. E fez Eduardo Bolsonaro, o caçula que nasceu em Resende (RJ), mudar o título eleitoral para São Paulo, por onde se elegeu deputado com votação expressiva.

O filho do meio, Carlos, ele manteve na Câmara do Rio, para evitar incêndios em proporções nacionais sem perder a boquinha.

O próximo é Jair Renan, que dá os primeiros passos na política como um inepto vereador de Balneário Camboriú (SC), onde costumava passar as férias.

Não deixa de ser irônico que o plano de perpetuação familiar esteja hoje em risco por causa justamente de um dos filhos. Bem o que tinha planos de expansão internacional.

Bolsonaro achou uma ótima ideia mandar Eduardo no início do ano para os Estados Unidos para que ele articulasse uma pressão internacional sobre o Brasil com a ajuda dos parceiros da extrema direita global que ora ocupam a Casa Branca.

A ideia era botar medo no Supremo Tribunal Federal às vésperas do julgamento do ex-presidente pela tentativa de golpe de Estado.

Deu tudo errado.

As sanções econômicas contra o Brasil deram ao governo Lula o discurso de defesa da soberania. Para a turma bolsonarista, ficou difícil manter a fama de patriota debaixo da bandeira dos Estados Unidos.

As punições, com base na Lei Magnitsky, não assombram o STF como esperado. Tirando, ao que parece, um possível alvo, os demais ministros da Corte mandaram as ameaças às favas e fizeram o que mandava a lei ao condenar Bolsonaro e os outros sete réus da trama golpista à prisão. 

Eduardo seguiu ao ataque tentando dobrar a dose do remédio sem perceber que só piorava o estado de saúde do doente – no caso o próprio pai.

Nesta semana a Procuradoria-Geral da República apresentou ao Supremo uma denúncia contra Eduardo por coação em processo judicial. 

Eduardo é acusado de atrapalhar o processo justamente por buscar represálias contra os julgadores do pai por meio de sanções e tarifas contra o próprio país. O influencer Paulo Figueiredo, aliado da família, também foi denunciado.

Na mesma semana o Conselho de Ética da Câmara abriu um processo contra o deputado, que recebe salários sem participar sequer das sessões online da Casa.

A pressão sobre o Brasil não amedrontou o governo brasileiro. Pelo contrário: Lula foi até a ONU e não poupou críticas ao chefe da Casa Branca por se meter nos assuntos do Brasil. 

Trump foi quem recuou ao dizer que teve uma boa impressão ao conhecer o presidente brasileiro.

O chefe da Casa Branca já percebeu a essa altura que puniu os consumidores do próprio país, que agora pagam mais caro pela tilápia, o café, a madeira compensada e outros itens made in Brasil, para forçar uma situação que não aconteceu.

Eduardo, enquanto isso, segue esbravejando contra tudo e contra todos. Contra o STF, sim, mas também contra o centrão e os aliados do pai, como Valdemar Costa Neto, chefe do PL.

A metralhadora giratória evidencia a ilusão do Zero Dois de voltar ao Brasil como o candidato a presidente que se sacrificou, foi pro exílio e lutou pela liberdade (do pai). Só conseguiu até aqui prejudicar o ex-presidente, como disse o próprio Valdemar.

Até Bolsonaro percebeu o erro. E, impedido pela Justiça de falar com o filho, mandou, segundo uma apuração da colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, o deputado calar a boca.

De fato, quanto mais ele fala, pior a situação do ex-presidente, que já foi avisado de que as ameaças podem tirar dele a possibilidade de cumprir prisão em casa. A sombra da Papuda agora fala mais alto. 

Eduardo não ajudou. E a ordem agora é para deixar de atrapalhar.

*Este texto não reflete necessariamente a opinião do Portal iG



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