Conquistar a aposentadoria é um direito esperado por todo trabalhador, mas para a roraimense Celeste Lucas da Silva, esse sonho demorou 40 anos para se tornar realidade. Aos 101 anos, a idosa finalmente começou a receber o benefício que buscava desde 1985.
A centenária, que criou 15 filhos cultivando a terra, passou a vida sustentando a família no interior de Roraima. Apesar do trabalho duro na roça, teve o direito negado várias vezes e só agora a Justiça reconheceu sua contribuição. Em abril deste ano, ela celebrou a primeira aposentadoria.
Emocionada, Celeste resume o sentimento de vitória em poucas palavras: “Dou graças a Deus. Agora recebo minha aposentadoria, faço minhas coisas, compro e vivo feliz, graças a Ele”.
Trabalho na roça
Nascida em 1923, em Bonfim (RR), Celeste cresceu ajudando os pais na lavoura. Ao lado do marido, plantou banana, mandioca, melancia e outros alimentos que sustentaram a família por décadas.
Sem ter tido a chance de estudar, encontrou na força do trabalho rural o caminho para criar os 15 filhos.
Após ficar viúva em 1985, ela passou a viver apenas com a pensão do marido. Na época, a lei não reconhecia a mulher como chefe da produção rural, o que impediu Celeste de se aposentar. Mesmo com várias tentativas, os pedidos foram negados por falta de documentos ou exigências da legislação.
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A longa batalha pela aposentadoria
O primeiro pedido de Celeste foi feito em 1985, mas só em 2020, já com 97 anos, a família reiniciou o processo com apoio de um advogado. Foram quase cinco anos de idas e vindas até a vitória definitiva em março de 2025.
O advogado Rhichard Magalhães, marido de uma das netas dela, contou que foi necessário insistir e mudar a estratégia para garantir o benefício.
“O INSS não quis reconhecer o tempo de trabalho que já havia sido provado. Tivemos que voltar à Justiça, e só agora conseguimos. Foi uma luta grande, mas valeu a pena realizar o sonho dela”, explicou ao G1.
Conquista importante
A família comemora não apenas o dinheiro, mas a valorização da história de Celeste. O valor da aposentadoria vai ajudar nas despesas com consultas médicas, remédios e alimentação, essenciais para manter a qualidade de vida da centenária.
Para a filha mais nova, Elizabeth, que cuida da mãe em Boa Vista, o momento é de gratidão: “Ela sempre foi uma mulher de muita fé e força. Hoje, agradeço todos os dias por tê-la ao meu lado. Essa conquista é mais que um direito, é um reconhecimento de toda a vida dela”.
A vida simples
Hoje, Vó Celeste leva uma rotina tranquila. Acorda cedo, se alimenta bem, descansa na varanda e participa de pequenas tarefas, como descascar feijão. O convívio com filhos, netos, bisnetos e até tataranetos mantém sua energia e alegria.
Faltando menos de dois meses para completar 102 anos, ela se prepara para mais uma celebração — desta vez com a aposentadoria garantida.
Advogado Rhichard Magalhães, a esposa dele, Glauciane Magalhães, Celeste e a filha dela, Elizabeth da Silva. — Foto: Yara Ramalho/g1 RR
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