Pela primeira vez em 55 anos, o Brasil foi eliminado ainda na fase de grupos do Mundial masculino de vôlei.
A eliminação precoce foi sacramentada na manhã desta quinta-feira (18), com uma vitória por 3 sets a 0 da República Tcheca contra a China (26/24, 25/19 e 25/18).
Após vencer a partida de estreia contra a própria China e bater a República Tcheca na segunda rodada, a seleção brasileira foi derrotada nesta madrugada por 3 sets a 0 pela Sérvia (25/22, 25/20 e 25/22), na Mall of Asia Arena, em Pasay City, nas Filipinas.
Com a derrota por sets diretos, a equipe comandada por Bernardinho precisava que a China conseguisse vencer ao menos um set contra os tchecos para seguir com chances de avançar de fase.
Custou caro o set que o Brasil perdeu para a China, uma vitória verde-amarela por 3 sets a 1, de virada.
As vitórias da Sérvia e da República Tcheca representaram a primeira queda do Brasil na fase de grupos do Mundial desde 1970.
Na ocasião, o Mundial era composto por 24 seleções, divididas em quatro grupos de seis. A seleção brasileira terminou em quarto em seu grupo, atrás da então Tchecoslováquia, da Polônia e da Hungria.
Nas últimas 11 edições do Mundial, o país havia ficado de fora dos quatro primeiros colocados apenas uma vez, quando terminou em quinto, em 1994.
Até o torneio nas Filipinas, a equipe tinha acumulado seis pódios consecutivos, incluindo o tricampeonato mundial em 2002, 2006 e 2010.
Em 2014 e 2018, o Brasil terminou com o vice-campeonato, perdendo a decisão para a Polônia. Em 2022, o time caiu nas semifinais, novamente diante da Polônia, garantindo o bronze contra a Eslovênia.
Fora dos 16 melhores que avançam às oitavas, a seleção se despede da competição com a pior colocação da história em Mundiais. A pior colocação até então havia sido um 13º lugar, em 1966.
Na derrota desta quinta, um fato inusitado ocorreu no fim do primeiro set: a Sérvia chegou a ter por alguns segundos sete jogadores em quadra, um a mais do que o permitido. Com a primeira parcial em 21 a 19 para os sérvios, o central Stefanović entrou para sacar, sem que o líbero Negic deixasse a quadra. O árbitro e as comissões técnicas não perceberam o erro, com Negic deixando a quadra pouco depois. O Brasil acabou vencendo o ponto.
Durante a transmissão, Bernardinho foi visto bastante emocionado na lateral da quadra, um dia após a morte de sua mãe, Maria Ângela Rezende, aos 90 anos, no Rio de Janeiro.
Bicampeão olímpico (2004 e 2016), Bernardinho retornou ao comando da equipe no fim de 2023, em substituição a Renan Dal Zotto, que já vinha tendo seu trabalho bastante questionado pelos torcedores por conta de desempenhos abaixo das expectativas nos anos anteriores.
O técnico de 66 anos é o responsável por liderar agora um processo de renovação da seleção brasileira, com uma série de novos jogadores que ainda busca se estabelecer na equipe.
O mais experiente na disputa nas Filipinas era o ponteiro Lucarelli, de 33 anos, campeão olímpico no Rio de Janeiro.
“O sentimento agora é de um pouco de tristeza, todo mundo desapontado. Nem acho que a gente fez uma partida ruim, mas eles foram melhores o tempo inteiro, e não sabíamos mais o que fazer para parar eles”, afirmou Lucarelli após a derrota para a Sérvia, gerando críticas de torcedores nas redes sociais.
Após os Jogos de Paris, nomes importantes ao longo dos últimos ciclos, como Bruninho, Lucão e Yoandy Leal, anunciaram a aposentadoria da seleção.
Na França, mesmo ainda contando com os atletas mais experientes na equipe, o Brasil já havia tido um desempenho ruim, com a eliminação precoce nas quartas final, para os Estados Unidos.
Foi a pior campanha olímpica do time desde os Jogos de Sydney, em 2000, quando a seleção também foi eliminada nas quartas, pela Argentina.
Na primeira competição após as Olimpíadas, a equipe havia ficado com o bronze na Liga das Nações, em agosto, derrotada novamente pela Polônia nas semifinais, assegurando o bronze contra a Eslovênia.
Folha de S.Paulo