Mundial de vôlei: Brasil passa vexame anunciado – 18/09/2025 – Esporte


Nas últimas duas décadas e meia, o torcedor brasileiro se acostumou a ter a seleção brasileira masculina de vôlei como orgulho. Foram dois títulos olímpicos (2004 e 2016), três mundiais (2002, 2006 e 2010) e um sem número de ligas mundiais –atual Liga das Nações.

Por isso, não há outro termo que não a palavra vexame para classificar a eliminação da seleção no Mundial masculino de vôlei ainda na primeira fase nesta quinta (18), após uma derrota de 3 a 0 para a Sérvia. O que parece é que estão tentando matar o vôlei masculino nacional, como um projeto.

O Brasil ainda torceu para a China vencer um set contra a República Tcheca para seguir no torneio disputado nas Filipinas, mas o vôlei não costuma premiar incompetência. Nesta década, o time masculino acumula fracassos, sem nenhuma perspectiva de correção de rota.

Nos Jogos de Tóquio 2020, chegou à semifinal, mas ficou sem medalha ao perder para a Argentina. Em Paris 2024, só venceu um jogo na campanha, contra o possante Egito, que está longe de ser competitivo no vôlei.

Na base, os vexames são ainda maiores para a seleção. No último Mundial masculino sub-21, perdeu cinco dos seis jogos que disputou, e jogou para alcançar a 17ª colocação no torneio, ocorrido no último mês de agosto. Ganhou apenas da Colômbia, que sequer tem liga profissional na modalidade.

Nos últimos anos, a CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) se vangloria da Superliga de vôlei, principal campeonato do país, ter chegado a um valor de R$ 2 bilhões em arrecadação e exposição de mídia. Mas não se tem um torneio forte para formar jogadores.

Não é um problema só do masculino. Existe uma grande dificuldade de renovação também no feminino. Não temos uma levantadora nova surgindo para substituir Roberta e Macris, que estão mais próximas da aposentadoria. Quando surge alguém, os jovens precisam ir para fora do país para se desenvolver de verdade.

A má fase se prova na perda de espaço das seleções de vôlei na TV. A Globo, dona dos direitos de transmissão, não exibiu nenhum jogo do Mundial, seja masculino ou feminino, em TV aberta, diferente do que acontecia em últimas edições.

Radamés Lattari, atual presidente da CBV, tem mandato até 2029. Cada vez mais, tem sido questionado pelos chamados “vôlei-fãs”. Mas o vôlei é igual ao futebol neste sentido: quem manda são as federações estaduais, que não estão interessadas na sua saída.

Enquanto isso, o vôlei agoniza em praça pública e pede socorro. Alguém vai salvar enquanto é tempo?



Folha de S.Paulo