“Quase me mata no meu aniversário”, diz médica espancada


Samira Khoury, médica por seis minutos pelo namorado
TV Globo\Reprodução

Samira Khoury, médica por seis minutos pelo namorado

A médica Samira Khoury, de 27 anos, teve seu rosto desfigurado após cerca de seis minutos de agressões em seu rosto pelo namorado, o fisiculturista Pedro Camilo Garcia Castro, de 24 anos. O caso, de 14 de julho, resultou em  fratura no crânio e múltiplas fraturas na face de Samira no dia em que ela completava aniversário. As informações são do Fantástico.

O crime ocorreu em um apartamento alugado no bairro de Moema, em São Paulo, onde o casal pretendia comemorar a data. Pedro foi preso em flagrante e responde por tentativa de feminicídio.

Samira contou que a violência começou após uma discussão em uma balada. Pedro foi retirado do local pelos seguranças e, horas depois, chegou ao apartamento onde ela estava.

Ele chegou muito nervoso, eu nunca tinha visto assim. Na hora, fiquei com medo. O Pedro me deu um soco, eu caí no chão e não lembro de mais nada “, disse a médica em entrevista ao Fantástico.

Ela afirma ter tentado simular um desmaio para sobreviver. ” A primeira coisa que eu pensei foi: eu preciso ficar quieta. Se ele fez tudo isso comigo achando que eu tava desmaiada — o que ele vai fazer se ele ver que eu tô acordada? Ele me deu mais uns 12 socos enquanto eu acordei .”

As agressões duraram cerca de seis minutos. “ Quando ele me socava no rosto, sentia uma dor que eu não consigo nem falar pra você. É uma dor como se alguém estivesse me tirando a vida .”

Sequelas permanentes

Samira perdeu 50% da visão do olho mais atingido, tem o lado esquerdo do rosto paralisado e precisa da ajuda da mãe para caminhar.

Durante as agressões, o Pedro quebrou todas as estruturas que seguram o meu globo ocular, além de vários ossos da minha face, principalmente do lado esquerdo ”, relatou.

Ela passou por cirurgias para reconstrução facial, com a colocação de placas de titânio. “ Hoje, quando eu me olho, me vem a memória de tudo o que aconteceu. Não é possível que alguém me deixou assim. Como alguém que dizia me amar quase me mata no meu aniversário? Isso não é amor .”

Pedro foi preso em flagrante em Santos, no carro de Samira, e levado a um hospital. Na audiência de custódia, alegou uso de anabolizantes, remédios controlados, além de bulimia e depressão.

A Justiça converteu a prisão em preventiva. O juiz responsável destacou: “ O crime se revestiu de violência exacerbada, brutalidade incomum. O modus operandi denota covardia, descontrole emocional e periculosidade concreta por parte do custodiado. Um homem fisiculturista, de robusto porte físico.”

A advogada de Samira, Gabriela Mansur, afirmou ao Fantástico: “ Temos provas da materialidade dos fatos. E não ter feito nada para salvar pedindo ajuda demonstra inequivocamente que se trata de uma tentativa de feminicídio .”

Sequela emocional

Samira continua afastada do trabalho e da pós-graduação em Medicina. Pretende passar por novas cirurgias e cobrir tatuagens que fez com o nome do ex-namorado.

Chega a ser irônico que eu tenho o nome de alguém que tentou me matar na minha pele ”, comenta a médica.

Para Samira, as marcas vão além do físico. “ A sequela emocional vai ficar pra sempre comigo de tudo que passei. Quero que ele responda pelo que fez. Eu não quero que tenha chance de concretizar o que fez: me matar ”, finaliza.



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