Com a definição das oito equipes que continuam na disputa da Copa Libertadores, a tendência de uma presença crescente de clubes do Brasil e da Argentina nas fases finais da competição durante a última década voltou a ser observada.
Na noite de quinta-feira (21), as últimas três vagas das quartas de final foram preenchidas, com Palmeiras e River Plate deixando pelo caminho Universitario e Libertad, respectivamente, enquanto a LDU reverteu a desvantagem no jogo de ida e eliminou o atual campeão Botafogo.
O trio se juntou a São Paulo e Flamengo, e aos argentinos Racing, Vélez Sarsfield e Estudiantes. A LDU, do Equador, é o único intruso entre os quadrifinalistas, fora do eixo Brasil-Argentina.
Com maior poderio financeiro via patrocínios e contratos de transmissão em relação aos pares da região, os brasileiros e argentinos conseguiram formar elencos mais fortes e ganharam espaço na fase que reúne os oito melhores.
De 2016 a 2025, equipes de Brasil e Argentina ficaram com 61 das 80 vagas disponíveis nas quartas de final —sendo 36 com brasileiros e 25 com argentinos—, ou cerca de 76% do total.
Em 2022, a dupla chegou a ficar com as oito vagas, com cinco brasileiros e três argentinos, em ano de decisão brasileira entre Flamengo e Athletico Paranaense, com vitória do rubro-negro carioca.
Das outras 19 vagas no período, o Equador, com Independiente del Valle, Barcelona de Guyaquil e LDU, ficou com cinco, enquanto o Paraguai, com Olimpia, Libertad e Cerro Porteño, chegou quatro vezes às quartas.
A Colômbia foi o único país que conseguiu furar a hegemonia de títulos, com o Atlético Nacional ficando com a taça em 2016, em decisão contra o Independiente del Valle.
No período imediatamente anterior, entre 2006 e 2015, brasileiros e argentinos ficaram com 43 das 80 vagas —25 com brasileiros e 18 com argentinos—, ou cerca de 54%.
O Paraguai veio em seguida no recorte, com nove vagas, ficando com o vice em 2013 com o Olimpia, em decisão contra o Atlético Mineiro de Ronaldinho Gaúcho.
O México, que disputou a competição entre 1998 e 2016, ficou com sete vagas no período, chegando à final duas vezes, em 2010, quando o Chivas Guadalajara perdeu para o Internacional, e em 2015, quando o Tigres foi derrotado pelo River Plate.
A LDU de Quito, em 2008, contra o Fluminense, foi a única que conseguiu furar o domínio de títulos de brasileiros e argentinos no período.
“O domínio de brasileiros e argentinos na Libertadores reflete o poder econômico que esses países concentram no futebol sul-americano. Os clubes brasileiros, em particular, recebem as maiores cotas de direitos de TV e têm maior capacidade de atrair patrocínios relevantes, tanto de marcas locais quanto globais”, afirmou Eduardo Corch, consultor de marketing esportivo e professor do Insper.
Na Argentina, mesmo com a crise econômica, clubes como River Plate e Boca Juniors continuam sendo marcas continentais fortes, com grande torcidas e enorme apelo comercial, acrescentou.
“Os maiores investimentos criam um círculo virtuoso: equipes mais competitivas tendem a conquistar melhores resultados esportivos e, consequentemente, maiores premiações e melhores vendas de atletas.”
Nas quartas de final da edição de 2025 da Libertadores, brasileiros e argentinos fazem dois dos duelos entre si.
O Palmeiras, que eliminou o Universitario com vitória por 4 a 0 em Lima e empate sem gols no Allianz Parque, encara na próxima fase o River Plate, que tirou o Libertad nos pênaltis.
Já o Flamengo vem de triunfo sobre o Internacional e pega nas quartas o Estudiantes, que eliminou o Cerro Porteño.
O São Paulo se classificou também na disputa de pênaltis, contra o Atlético Nacional, e pega a LDU, enquanto Vélez Sarsfield e Racing, que vêm de vitórias contra Fortaleza e Peñarol, fazem o duelo entre argentinos.
As quartas de final serão disputadas nas semanas dos dias 17 e 24 de setembro, com as semifinais entre 22 e 29 de outubro.
A final está prevista para o dia 29 de novembro, no estádio Monumental, em Lima, palco da final de 2019, quando o Flamengo conquistou vitória dramática contra o River Plate.
Folha de S.Paulo