Grande lição da natureza. Centenas de espécies de flor de lótus voltaram a florescer após mais de 3 décadas soterradas em um lago que passou anos coberto pela poluição e finalmente foi despoluído. A flor, que emerge da lama sem se sujar, é símbolo de beleza, espiritualidade e resiliência.
Muitos achavam que elas tinham morrido nesses 33 de anos, enterradas na sujeira, porém, as flores de lótus reapareceram e impressionaram a comunidade que vive próxima ao maior lago da Caxemira, uma região montanhosa que faz fronteira entre a Índia, Paquistão e China.
“Quando a natureza se cura, ela revive tudo o que um dia nutriu — meios de subsistência, tradições, biodiversidade. Ver essas flores florescerem novamente depois de décadas é como ver a história respirar”, disse Meera Sharma, ambientalista de Déli, ao The Guardian.
A resiliência da flor de lótus
A flor de lótus tem uma história milenar e linda. Sua origem, na Ásia, virou simbolismo nas culturas budista e a hindu.
Para eles, ela representa a pureza e a iluminação espiritual, justamente porque brota impecavelmente limpa do meio da lama.
A planta também é usada na culinária e medicina tradicional asiática. Recentemente, uma semente com cerca de 1.200 anos foi cultivada e floresceu na China, comprovando sua longevidade da flor.
Leia mais notícia boa
O renascimento no lago poluído
Na virada do século XX, o Lago Wural ocupava 228 quilômetros quadrados, mas em 2007 havia diminuído para apenas um terço disso. Partes dele viraram lixões e uma quantidade cada vez maior de sua fauna desapareceu.
O lago da Caxemira, teve uma inundação catastrófica em 1992, que despejou milhares de toneladas de sedimentos e soterrou os caules da planta de lótus. Os moradores acharam que era o fim das flores milenares, que têm o caule usado como alimento e davam emprego a 5 mil trabalhadores.
Mas um programa de despoluição da Autoridade de Conservação e Gestão de Wular (WUCMA) iniciou um programa de desassoreamento do lago e mudou tudo. As flores de lotus reapareceram agora, para coroação da iniciativa. “Não se trata apenas do renascimento de uma planta, é a ressurreição de um ecossistema cultural”, comemorou Meera Sharma.
Raízes de flor de lótus permaneceram dormentes
A WUCMA se concentrou em controlar e impedir que a poluição, que vinha do Rio Jhelum e seus afluentes, antes de iniciar o longo, lento e viscoso processo de dragagem do lago.
Cinco anos depois, 8 milhões de metros cúbicos de lodo foram removidos e o mais bonito aconteceu:
As raízes de flor de lótus que permaneceram dormentes durante todo esse tempo, emergiram e, pela primeira vez em 33 anos, as plantas estão florescendo novamente.
Agora, muitos anseiam novamente por saborear seu prato favorito: o nadru, feito com o caule da flor de lótus.
“O caule de lótus conecta nossa comida à terra… agora que ele está de volta, estamos preparando pratos como nossas avós faziam: lento, simples e cheios de memória”, disse Tavir Ahmad, chef de um mercado local da Caxemira, a Tauseef Ahmad e Sajid Raina, do Guardian.
Deu para entender a resiliência da flor de lótus e o motivo de ser, para muitos, um ensinamento de esperança para o ser humano, sobre jamais desistir.

As espécies de flor de lótus voltaram a florescer após mais de 3 décadas soterradas em um lago que foi despoluído na Caxemira. – Foto: Umar Dar
So Notícia Boa