Maquiavel, o autor do mais famoso manual para o exercício do poder, “O Príncipe”, dizia que todo aquele que almeja ter o poder e mantê-lo para si, deve seguir a ética do poder e não a ética religiosa ou moral. E, neste sentido, em política se deve estar preparado para o fazer o que for necessário, mesmo sendo algo moralmente discutível.
O Congresso Nacional, como se sabe, é hoje majoritariamente de direita, assim como os maiores e mais prestigiosos partidos, como PL, União e Republicanos. E esses políticos, assim como seus partidos, cresceram muito durante o mandato de Jair Bolsonaro (2019-2022), a tal ponto que na eleição de 2022 elegeram expressiva bancada e, nas eleições municipais de 2024, tiveram um desempenho igualmente notável.
Na vida cotidiana, regular, comum até, quando alguém nos ajuda sabemos que nasce, ou mesmo deve nascer, um sentimento de gratidão. Por vezes, somos compelidos a retribuir o benefício que nos foi feito e, quando não existe essa retribuição, se classifica a pessoa como “ingrata” e isso é considerado feio, condenável.
Em política, porém, a situação é bem diferente. Se Bolsonaro ajudou a fazer crescer os partidos e os políticos de direita, estes deveriam lhe ser, como se diz no popular, eternamente gratos, certo? Mais ou menos. A gratidão, se bem analisados os fatos, não entra na equação. O que há é uma análise sobre quem ganha, o que ganha e quando ganha.
E hoje, a família Bolsonaro – muito embora ainda com muita força política – começa pouco a pouco a ser deixada na chuva por seus antigos simpatizantes e até correlegionários.
Acontece que estamos assistindo uma espécie de tudo ou nada por parte dos Bolsonaro. Muito embora seja bastante difícil de acreditar que Eduardo Bolsonaro articulou a imposição do tarifaço contra o Brasil pelos EUA, que está adotando essa mesma política no mundo todo, o fato é que a postura de Eduardo de exaltação da medida, pegou muito mal para ele e para a população de um modo geral.
Lula, que vinha amargando índices descrentes de popularidade, foi “premiado”, veja só, com o tema do tarifaço e da participação dos Bolsonaro em tal evento. Falando em soberania e respeito ao Brasil, o presidente ganhou pontos.
Os políticos argutos observadores da realidade social, trataram de pôr em prática um plano de descolamento dos Bolsonaro e de suas estratégias kamikazes. Gratidão é importante, mas ninguém quer receber abraço de afogado.
IG Último Segundo