
Maduro é o presidente da Venezuela
Nicolás Maduro novamente voltou a falar da força da milícia Venezuela, o que levantou discussões sobre quais as diferenças entre o grupo venezuelano e a do Brasil. Segundo o professor Carlos Andrade Teixeira, especialista em políticas internacional e segurança pública, a diferença fundamental está na relação com o Estado.
Na Venezuela, a milícia é reconhecida como parte das Forças Armadas e mobilizada oficialmente pelo governo. No Brasil, grupos armados se estruturam de forma ilegal, explorando territórios urbanos e serviços em comunidades.
Composta por civis voluntários e reservistas, integra oficialmente a FANB (Força Armada Nacional Bolivariana) e tem como função a defesa do país contra inimigos internos e externos.
O corpo é mobilizado sob comando direto do presidente, que mantém controle político e militar sobre seus integrantes.
Nesta segunda (18), o presidente Nicolás Maduro anunciou a mobilização de 4,5 milhões de milicianos, em resposta ao aumento da recompensa oferecida pelos Estados Unidos por sua captura e às operações militares norte-americanas no Caribe.
Segundo dados oficiais, a Milícia Nacional Bolivariana conta com cerca de 5 milhões de reservistas, embora estimativas independentes apontem número menor de integrantes ativos.
O anúncio incluiu a implementação de um “plano especial de segurança” e a ampliação da presença de milícias camponesas e operárias em fábricas e centros de trabalho.
A mobilização ocorre em meio a tensões com Washington. No início de agosto, o governo norte-americano elevou para US$ 50 milhões a recompensa por informações que levassem à captura ou condenação de Maduro, acusado de narcotráfico e de liderar o chamado Cartel de los Soles.
Paralelamente, os EUA enviaram navios de guerra, aviões de vigilância e tropas para a região do Caribe em operações antidrogas, consideradas por Caracas como uma ameaça à soberania venezuelana.
Venezuela x Brasil

Presidente Lula e o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, no Palácio do Planalto em maio de 2023
Diferente da experiência venezuelana, as milícias no Brasil surgiram à margem da lei, conforme explicou Teixeira ao Portal iG.
Formadas por policiais, ex-policiais, bombeiros, agentes penitenciários e militares, esses grupos ocupam lacunas deixadas pelo Estado em áreas urbanas, especialmente no Rio de Janeiro.
A atuação inclui o controle de territórios, a exploração econômica de moradores e a cobrança de taxas por serviços como transporte alternativo, internet e fornecimento de gás.
Ao contrário da Milícia Bolivariana, que possui função política e militar oficializada, as milícias brasileiras têm como foco o lucro econômico e o poder político local.
A ligação com agentes públicos se dá de forma informal, o que dificulta a repressão, mas não garante legitimidade institucional. Por essa razão, são classificadas como organizações criminosas que exercem poder paralelo ao Estado.
Assim, enquanto a milícia da Venezuela se apresenta como força oficial integrada ao aparato militar do país, com mobilizações declaradas pelo governo central, as milícias brasileiras se estruturam de maneira ilegal, explorando economicamente populações locais e mantendo relações informais com setores do Estado.
IG Último Segundo