Agora tem psicanálise em praça pública e de graça: escuta, acolhimento e saúde mental



É preciso falar de saúde mental e dar acesso a quem precisa, inclusive pessoas em situação de vulnerabilidade emocional e social. É isso que está fazendo o projeto Psicanálise na Praça.

A cada 15 dias, aos sábados, são oferecidas sessões gratuitas na Praça do Sol, em Goiânia (GO) e pela internet, também. O trabalho silencioso e importante é feito voluntariamente pelo psicanalista Jorge Cordeiro, que tem levado acolhimento e escuta ativa ao espaço público.

“A vida urbana adoece, e a solidão nas cidades é um dos maiores sofrimentos contemporâneos. Levar a psicanálise para a praça é uma forma de criar um ambiente de escuta onde antes havia apenas pressa e isolamento”, disse Jorge Cordeiro em entrevista ao Só Notícia Boa.

Como são os atendimentos

Os atendimentos são feitos no período da manhã, com horário agendado, para evitar filas ou espera, e não é preciso pagar nada. O psicanalista, que atua em consultório particular, reforça que esse projeto não tem fins comerciais.

“Na praça, todos são tratados com o mesmo cuidado que teriam em um consultório. Muitos, inclusive, são acompanhados há anos sem ter nenhuma obrigação financeira”, revelou.

A iniciativa quer democratizar o acesso à psicanálise e reduzir o estigma em torno do cuidado com a saúde mental no Brasil, que vive uma crise silenciosa: o país registrou quase meio milhão de afastamentos por transtornos mentais em 2024, o maior número em pelo menos uma década, segundo dados do Ministério da Previdência Social.

Leia mais notícia boa

Temas tratados

Nas sessões Jorge Cordeiro leva temas como ansiedade, luto, autoestima, sexualidade e relacionamentos, para o centro das conversas.

“Com o desejo de construir uma comunidade mais solidária, o projeto oferece encontros que valorizam a troca de experiências e a escuta empática, permitindo que as pessoas compartilhem suas histórias e se sintam acolhidas”, disse.

E o atendimento contínuo tem atraído o público. Há pacientes que retornam regularmente, enquanto outros buscam o atendimento em momentos pontuais.

“Algumas pessoas voltam a cada três meses, outras quinzenalmente. O importante é que saibam que podem contar com esse espaço sempre que precisarem”, lembrou.

Ato de coragem

O projeto “Psicanálise na Praça” foi criado em 2012 para atender pessoas presencialmente e de forma virtual, sem custos.

E, além de oferecer ajuda direta, o projeto trabalha na conscientização das pessoas.

“Sentar numa praça para falar de si é um ato de coragem e autocuidado. Quando as pessoas veem isso, se sentem mais encorajadas a procurar auxílio também. São pessoas conscientes do seu limite que buscam ajuda e, por isso, precisamos acabar com o estigma contra quem quer apoio emocional”, disse o psicanalista.

Ampliar a iniciativa

Jorge Cordeiro agora sonha em ampliar o alcance da iniciativa.

Ele quer reunir outros profissionais voluntários para levar o atendimento de psicanálise a ainda mais pessoas.

Os interessados podem conversar com ele no Instagram.



So Notícia Boa