
Vice-presidente Geraldo Alckmin se reuniu com governadores, empresários e representantes das Big Techs
O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou nesta segunda-feira (29) que o governo trabalha para evitar a tarifa de 50% dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. Uma das ações foi a reunião com as Big Techs para discutir segurança jurídica e outros temas citados por Donald Trump ao anunciar a medida.
A declaração foi feita após uma série de reuniões com governadores de estados exportadores, representantes de grandes empresas de tecnologia estadunidenses. O objetivo, segundo Alckmin, é fortalecer o diálogo e buscar alinhamento em temas econômicos e regulatórios.
Foi realizada uma segunda rodada de reuniões com empresas de tecnologia como Meta, Apple, Google, Amazon, Visa e Expedia. Os executivos apresentaram uma pauta focada em segurança jurídica, inovação, ambiente regulatório e oportunidades econômicas.
A reunião contou com a participação de representantes do governo dos Estados Unidos, incluindo membros do Departamento de Comércio e do Departamento de Estado, que acompanharam o debate por videoconferência.
Alckmin também abordou a regulamentação das plataformas digitais.
“ É uma questão que está em discussão no mundo. Então, vamos aprender onde é que já foi implementado na Europa, o que deu certo e o que levou à crítica ”, afirmou.
Ele propôs a criação de uma mesa de trabalho com participação do Executivo, Legislativo e Judiciário para tratar da regulação das redes sociais e da atuação das grandes empresas de tecnologia no país.
Segundo ele, essa discussão deve ocorrer com calma, com base em exemplos internacionais e ampla escuta.
“ Não devemos ter muita pressa nisso. Eu acho que a gente deve verificar a legislação comparada e ouvir e dialogar alguma coisa do que o Supremo decidiu nessa regulamentação ”, disse Alckmin, lembrando que já foi relator do projeto que originou o Código de Defesa do Consumidor.
Durante os encontros, Alckmin conversou com os governadores Elmano de Freitas, do Ceará, Renato Casagrande, do Espírito Santo, e Carlos Brandão, do Maranhão, além de representantes da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec) e da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).
Ele destacou que o Ceará é, proporcionalmente, o estado que mais exporta para os EUA. Segundo Alckmin, 45% das exportações cearenses têm como destino o país, incluindo aço, pescados, camarão, castanha de caju e pás eólicas.
Brasil se apresenta como destino para data centers
Outro ponto discutido com as empresas de tecnologia foi o potencial brasileiro para sediar data centers.
Alckmin destacou que o país tem vantagens como energia renovável, custo competitivo e segurança jurídica.
“ O Brasil tem estabilidade, previsibilidade e segurança jurídica ”, reforçou.
Tarifa é vista como “injustificável”
Alckmin classificou como injusta a possível tarifa de 50% sobre produtos brasileiros.
“ Não tem nenhuma justificativa, sendo que dos grandes países do mundo, tem três que os Estados Unidos têm superávit: Reino Unido, Austrália e Brasil ”, disse.
Segundo ele, oito dos dez principais produtos exportados pelos EUA ao Brasil já têm alíquota de importação zerada.
O vice-presidente defendeu que a redução tarifária seja estendida a todos os produtos, mencionando o café como uma possível “ porta de entrada ” nas negociações.
Ele afirmou ainda que a balança comercial entre os dois países segue positiva para os estadunidenses. Entre janeiro e junho deste ano, as exportações brasileiras para os EUA cresceram 4,8%, enquanto as dos EUA para o Brasil aumentaram 11,7%.
Segundo Alckmin, o plano de contingência só será definido se a tarifa de 50% for confirmada, e deve ser divulgado a partir do dia 01 de agosto.
“Vamos trabalhar permanentemente para evitar que isso ocorra”, garantiu.
IG Último Segundo