
Ruptura atmosférica traz mais chuva do que o esperado para o final de julho
Uma mudança no padrão do tempo que predominou nas últimas semanas promete virar o jogo neste fim de julho. Depois de um início de mês com pouquíssima chuva, o Sul do Brasil volta a ficar sob influência de instabilidades que devem trazer precipitações frequentes e, em alguns pontos, bastante volumosas. A previsão é da MetSul Meteorologia.
Essa virada no tempo acontece por conta de uma ruptura no padrão atmosférico que vinha bloqueando a formação e a chegada de frentes frias à região. Basicamente, é como se uma barreira de ar seco e frio, que impedia o avanço da chuva, estivesse se desfazendo, permitindo o retorno das instabilidades típicas do inverno no Sul.
Desde o fim de junho, quando fortes chuvas atingiram o Rio Grande do Sul e causaram repiques em rios já cheios, a região passou por um período anormalmente seco, justamente numa época que costuma ser chuvosa. Em Porto Alegre, por exemplo, a média histórica de chuva em julho é de 163,5 mm, a maior do ano. Mas até a manhã desta quinta-feira (24), choveu apenas 36,6 mm na capital gaúcha.
Cidades do interior, como Caxias do Sul, registraram índices ainda mais baixos: só 18,5 mm no mês, o que é equivalente a 10% do esperado para julho. A escassez também atingiu os estados de Santa Catarina e Paraná.
A chuva já reaparece nesta sexta com a quebra do bloqueio atmosférico nos três estados do Sul, especialmente entre o norte do Rio Grande do Sul e o centro-sul do Paraná. A instabilidade se concentra mais sobre Santa Catarina e parte do Paraná, com chuvas pontuais no território gaúcho.
No fim de semana, a previsão é de reforço na instabilidade. Sábado deve ser de chuva em boa parte do Rio Grande do Sul e, de forma mais isolada, em SC e PR. No domingo, os volumes aumentam e a precipitação se espalha por quase toda a região Sul, chegando também ao Mato Grosso do Sul.
A expectativa é de que a chuva continue no começo da próxima semana, atingindo ainda São Paulo, sul de Minas Gerais e Rio de Janeiro. Os maiores acumulados devem ocorrer no Rio Grande do Sul, onde algumas áreas podem registrar entre 50 mm e 100 mm até o fim do mês. Pontualmente, esses volumes podem ultrapassar os 100 mm.
Segundo a MetSul, não há risco elevado de enchentes neste momento, mas alagamentos pontuais em áreas urbanas não estão descartados, especialmente no domingo, quando a chuva pode cair com mais intensidade.
O retorno da chuva, além da quebra do bloqueio atmosférico, também está ligado a fenômenos conhecidos como teleconexões, que são influências climáticas em larga escala que afetam o comportamento do tempo em diferentes partes do planeta, como o El Niño, por exemplo.
IG Último Segundo