Boto é o suficiente? – 21/07/2025 – Sandro Macedo


Agora que o Mundial de Clubes já é coisa de um passado muito distante, podemos arregalar os olhos de volta para o nosso cercadinho e nos deliciar com as belezas locais abundantes.

Veja Vitor Roque, por exemplo: fez sua melhor partida no Palmeiras. Isso equivale a dizer que teve muita dedicação, roubadas de bola, marcação na saída de jogo do time rival e… é isso. Com todo o respeito ao camisa 9 alviverde, ainda há uma grande montanha a escalar para voltar ao seu nível pré-Europa. No domingo (20), perdeu um gol que até o zagueiro do Atlético-MG faria, e fez, para sorte do time da casa.

Nossa principal novela nas últimas semanas ainda tem como protagonista o querido Pedro. Não Pedro Raul, o galã do Ceará; nem João Pedro, o decisivo do Chelsea; mas Pedro, o destruidor de GPSs do Flamengo.

No último episódio, em uma reviravolta digna de novela das 9, Pedro ficou no banco do Flamengo contra o Fluminense, viu todos os amiguinhos bípedes com algum cacoete ofensivo entrarem em campo antes dele. Mas, quando foi chamado, fez o gol da vitória.

Sim, o mesmo Pedro que na semana passada chegou em último em uma corrida com a lebre, a tartaruga e o GPS se lançou de encontro à bola em gol típico de centroavante. Depois, comemorou com mensagem enigmática na camisa: “Jesus é o suficiente”. Seria um pedido pela volta do antigo professor, Jorge?

Mas, na entrevista pós-jogo, Pedro se lembrou do personagem que ainda não mostrou a cara na trama. Um vilão na linha “quem matou Odete?”, que você sabe que existe, mas que não se revelou.

O tal vilanesco, que mexeu com a sensibilidade de Pedro, foi um diretor da alta cúpula, que trocou mensagens com o jornalista Mauro Cezar Pereira e deixou claro que venderia o camisa 9 do Flamengo por míseros 15 milhões de euros. Pedro, ofendido, quer que o fulano se retrate.

Mauro não revelou a fonte, mas especialistas dizem que tem cheiro de Boto, gosto de Boto e barbatana de Boto.

E quem é “ele, o Boto”, querido leitor e querida leitora? Confirmamos que não se trata de Carlos Alberto Riccelli, o boto rosado oficial, de 1987 (ano de Copa União), que saía do mar com seu encanto para seduzir suas fiéis torcedoras.

O Boto flamenguista é José, diretor de futebol, que é responsável pelas contratações e que, dizem, ganha mais que o professor Filipe Luís por mês. Boto, o José, não se pronunciou sobre o caso, aliás, ele praticamente não se pronuncia sobre caso nenhum. Alguns dizem, citando o outro boto, que ele só aparece para a imprensa em noites de lua cheia. Pelo menos ele não morde ninguém.

O fato é que o time mais rico do Brasil está perdendo peças, não está fazendo reposições, e algum diretor dito profissional ainda tumultua o ambiente. Talvez Boto não seja suficiente (nem Jesus), precisamos ouvir logo o dono da coisa toda, o presidente do Flamengo, ele, o Bap.

A última degola?

Ainda temos nove técnicos sobreviventes desde o round 1. Mas quem perdeu a cabeça foi justamente este humilde escriba, que escreve estas parcas linhas. Depois de praticamente quatro anos ininterruptos, esta é minha última coluna, de novo —sim, temos a persistência de algumas bactérias e personagens da Marvel.

Gostaria de deixar um agradecimento especial para a direção do jornal, para a equipe de Esporte e para os vizinhos colunistas, sempre gentis em citações. Continuarei acompanhando todos de pertinho, e fazendo a conta da degola.

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Folha de S.Paulo