Tem aumentado os casos de baleias enroscadas em rede de pesca no litoral brasileiro. A temporada de migração das baleias-jubarte, que ocorre entre junho e novembro, coincide com o período de maior atividade pesqueira, aumentando as chances de contato entre as baleias e redes de pesca.
O aumento do número de baleias encalhadas também pode estar relacionado ao grande aumento no número de baleias no litoral brasileiro. Este fenômeno, conhecido como encalhe acidental, tem preocupado pesquisadores e autoridades ambientais.
O enroscamento em redes de pesca pode causar ferimentos graves, dificuldade de natação e alimentação, além de levar à morte por afogamento ou exaustão. As equipes de desemalhe procuram agir rápido para resgatar e livrar as baleias das redes.
O Ibama e órgãos ambientais, como o Instituto Argonauta, estabelecem protocolos para o resgate de baleias enredadas, exigindo treinamento e equipamentos adequados.
As equipes de “socorristas” também estão se capacitando cada vez mais para agirem seguindo protocolos internacionais de segurança e desenredamento.
Em Ubatuba, no Litoral Norte Paulista, a equipe de desenredamento do Instituto Argonauta segue normas desenvolvidos pelo Center for Coastal Studies (EUA), adaptadas a realidade brasileira por meio de treinamentos promovidos pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Sudeste e Sul (CMA/ICMBio) e pelo IBAMA.
Enredamentos
Em Santa Catarina, foram registrados dois casos esta semana. Os casos ocorreram em Garopaba e em Palhoça, na região da grande Florianópolis. Em Ubatuba, o Instituto Argonauta já fez dois “desenredamento”. A situação preocupa especialistas e autoridades ambientais, que buscam soluções para evitar que esses animais sofram ferimentos graves.

Um filhote de baleia franca(foto) foi encontrado encalhado e morto na Praia do Maço, em Palhoça(SC), na quinta-feira(17). O animal foi avistado por um pescador que acionou a Polícia Militar Ambiental. A praia é isolada, acessível apenas por trilha ou barco. O Instituto Australis de Pesquisa e Monitoramento Ambiental está avaliando se será necessária a remoção do corpo, já que a maré pode levá-lo naturalmente.
“A baleia mede cerca de 5 metros e apresenta coloração azulada em algumas partes do corpo, o que pode estar associado tanto a processos iniciais de decomposição quanto a condições que antecederam a morte”, explica Gabriela Cristini de Souza, veterinária do Trecho 1 do PMP-BS, executado pelo Laboratório de Zoologia da UDESC. Este é o primeiro registro de encalhe na temporada reprodutiva em Santa Catarina.
Ubatuba
Uma baleia-jubarte (Megaptera novaeangliae) foi resgatada na manhã de quarta-feira, dia 17, após ficar presa em uma rede de pesca nas proximidades da Praia de Itamambuca, em Ubatuba (SP). A baleia, segundo o Instituto Argonauta, tinha sido libertada em uma operação anterior, realizada em 30 de junho, em Ubatuba.
A equipe de desemalhe do Instituto Argonauta recebeu o alerta por volta das 9h40, e logo em seguida já estava no local iniciando os procedimentos de abordagem. Ao chegar ao local a equipe, composta pelos biólogos Beto Chagas, Danilo Camba, Carlos Vinicius Sarde e Felipe Domingos, percebeu que se tratava do mesmo indivíduo que já havia sido libertado
em uma operação anterior, realizada em 30 de junho.
A bordo do bote de ataque, fizeram as imagens necessárias para avaliar o grau de enredamento. A rede, ancorada por poitas, envolvia a cabeça da baleia, com extremidades estendidas para ambos os lados. Apesar de conseguir mergulhar e retornar à superfície para respirar, o animal permanecia preso na mesma área. Com a boa visibilidade da água, foi possível localizar a rede a cerca de 7 metros de profundidade.
Com os procedimentos precisos conseguiram efetuar os cortes que permitiram que a baleia se movimentasse e se
desvencilhasse da rede, encerrando mais uma operação de resgate bem-sucedida. “Essa ação não é apenas sobre salvar um indivíduo, mas também sobre alertar para que tenhamos uma convivência mais saudável com o oceano. Que este resgate inspire mais pessoas a cuidar de nossos mares e da vida marinha”, ressalta Danilo Camba, da equipe do
Instituto Argonauta.
A ação seguiu protocolos internacionais de segurança e desenredamento, desenvolvidos pelo Center for Coastal Studies (EUA) e adaptados ao contexto brasileiro por meio de treinamentos promovidos pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Sudeste e Sul (CMA/ICMBio) e pelo IBAMA. A equipe do Instituto Argonauta é composta por profissionais capacitados de acordo com a Portaria Conjunta MMA/IBAMA/ICMBio nº 3, de 8 de janeiro de 2024, que regulamenta oficialmente as ações de desenredamento de grandes cetáceos no Brasil.
As operações são realizadas por duplas operacionais, com apoio logístico em terra e em embarcações de suporte. O Instituto Argonauta, responsável por essas ações de resgate e conservação marinha, é uma organização fundada pelo Aquário de Ubatuba, referência em educação ambiental e preservação da vida marinha no litoral norte paulista, e
desenvolvem em parceria, entre outras ações, o Projeto de Avistagem e Monitoramento de Mamíferos Marinhos Argonauta.
Importante: em casos de baleias enredadas ou em situação de risco, a recomendação é não intervir. Mantenha distância, evite cercar o animal com embarcações e acione imediatamente as autoridades ambientais ou o Instituto Argonauta.
📞 Canais de contato do Instituto Argonauta:
(12) 3833-4863 | (12) 3834-1382 | (12) 99785-3615
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