
Christine Hunsicker é alvo da justiça
Christine Hunsicker, de 48 anos, fundadora e ex-CEO da empresa de tecnologia de moda CaaStle, foi presa na sexta-feira (18), em Nova York, nos Estados Unidos, acusada de aplicar um esquema de fraude que teria causado prejuízos superiores a US$ 300 milhões (cerca de R$ 1,6 bilhão).
Ela se entregou às autoridades e compareceu ao tribunal federal no mesmo dia, onde se declarou não culpada. As acusações incluem fraude eletrônica, fraude de valores mobiliários, lavagem de dinheiro, declarações falsas a uma instituição financeira e roubo de identidade agravado.
Somadas, as penas máximas para os crimes superam 100 anos de prisão. As autoridades alegam que Hunsicker teria deturpado o desempenho financeiro da CaaStle, empresa especializada no aluguel de roupas, e de uma nova companhia fundada por ela, a P180, para captar recursos entre 2019 e março deste ano.
Segundo os promotores, o esquema envolveu demonstrações financeiras falsificadas, auditorias forjadas, documentos corporativos adulterados e registros bancários fictícios.
Em um dos episódios descritos no processo, ela teria informado a um investidor, em agosto de 2023, que a CaaStle registrou lucro operacional de US$ 24 milhões no segundo trimestre. O valor real, no entanto, não teria ultrapassado US$ 30 mil.
Também foi apresentado um registro de conta bancária falso, que indicava que a empresa tinha quase US$ 200 milhões em caixa. De acordo com a acusação, o montante disponível era inferior a US$ 200 mil.
Em 2024, Hunsicker teria falsificado a assinatura de um diretor do conselho para autorizar a emissão de opções de ações, levantando mais de US$ 20 milhões para a empresa.
Ela também utilizou a imagem da CaaStle para captar US$ 30 milhões destinados à nova empresa P180, além de ter obtido um empréstimo pessoal de US$ 20 milhões com base em informações falsas fornecidas a um banco.
Mesmo após a falsificação de uma auditoria ser questionada por um investidor em outubro de 2023, Hunsicker teria insistido que o documento era parte de uma apresentação acadêmica e que seu envio havia sido um erro isolado. As investigações indicam que duas versões da auditoria teriam sido enviadas à mesma pessoa.
Diretora seguiu captando recursos
Após ser destituída do cargo de presidente do conselho e impedida de buscar novos investimentos, Hunsicker continuou a captação de recursos.
Em 2025, ela teria levantado US$ 8 milhões com a venda de ações da CaaStle e outros US$ 5 milhões por meio de notas conversíveis da P180, sem divulgar informações relevantes aos investidores.
As atividades teriam prosseguido mesmo após a apreensão de seus dispositivos eletrônicos pelas autoridades no início de 2025.
A CaaStle, anteriormente conhecida como Gwynnie Bee, trabalhou com marcas como Ralph Lauren, Ann Taylor e Banana Republic.
A empresa pediu falência em junho, após dificuldades financeiras. Fundada por Hunsicker, a companhia havia levantado mais de US$ 500 milhões desde sua criação.
Em abril, ela renunciou ao cargo de CEO, após ser acusada de conduta imprópria pelo conselho da empresa.
Além do processo criminal, Christine Hunsicker e a CaaStle também são alvos de ações civis movidas por uma empresa de vestuário e um veículo de investimento, que alegam fraudes semelhantes às apresentadas na denúncia federal.
Após audiência de fiança, Hunsicker foi libertada mediante pagamento de US$ 1 milhão e está proibida de manter contato com investidores ou funcionários da CaaStle.
Os advogados de defesa, Michael Levy e Anna Skotko, afirmaram que Hunsicker tem cooperado com o Ministério Público e com a Comissão de Valores Mobiliários.
Segundo eles, as acusações apresentam uma “imagem incompleta” e serão contestadas ao longo do processo. A executiva não se pronunciou publicamente após a audiência.
IG Último Segundo