Air India descarta falhas nos interruptores de aeronaves


Aeronave poucos minutos após cair na India
Força de Segurança Central Industrial da Índia

Aeronave poucos minutos após cair na India

A Air India afirmou que não identificou nenhum defeito nos interruptores de combustível de seus outros aviões Boeing após o trágico acidente do mês passado, que deixou 260 mortos.

A declaração veio após a divulgação de um relatório preliminar dos Estados Unidos  sobre o caso. As informações são do The Guardian .

O acidente ocorreu logo após a decolagem do voo com destino a Londres, partindo do aeroporto de Ahmedabad. Segundo o relatório divulgado por autoridades indianas, os interruptores de combustível, que regulam o fluxo para os motores, foram desligados em sequência momentos após a aeronave deixar o solo.

Sem fornecimento de combustível, os motores pararam, levando à perda de altitude e à queda que vitimou todos os 241 ocupantes e outras 19 pessoas em terra.

Apesar da gravidade dos eventos, o relatório não recomendou medidas contra a Boeing, fabricante do modelo 787 Dreamliner envolvido no acidente. Ainda assim, a Air India determinou uma inspeção nos sistemas de travamento dos interruptores de combustível de toda sua frota de Boeings, como precaução.

“As inspeções foram concluídas e nenhum problema foi encontrado” , afirmou um representante da empresa nesta quinta-feira (17).

Segundo uma reportagem do Wall Street Journal (WSJ), autoridades americanas estariam analisando a conduta do comandante Sumeet Sabharwal, piloto experiente que estaria no comando no momento da suposta desativação dos interruptores. A caixa-preta da aeronave indica que o primeiro oficial, Clive Kunder, questionou por que os controles de combustível haviam sido desligados, recebendo uma negativa como resposta.

Fontes citadas pelo WSJ, que não foram divulgadas, relataram que Kunder entrou em pânico ao perceber a situação, enquanto Sabharwal teria se mantido calmo. Ainda não se sabe se a ação foi intencional ou acidental e autoridades americanas consideram que o episódio pode exigir investigação criminal, dada a natureza das evidências.

A transcrição completa do diálogo entre os pilotos ainda não foi divulgada oficialmente. Os interruptores de combustível chegaram a ser religados segundos após a falha, e um dos motores foi reativado, mas o tempo não foi suficiente para estabilizar a aeronave. O pedido de socorro — “mayday, mayday, mayday” — foi registrado pelo controle de tráfego aéreo apenas 32 segundos após a decolagem.

A publicação do WSJ provocou forte reação entre entidades representativas de pilotos na Índia. A Federação de Pilotos Indianos classificou a matéria como “infundada” e acusou o veículo de tentar atribuir responsabilidade ao comandante da aeronave. Dois outros grupos também se manifestaram, chamando as insinuações de “insinuação imprudente e sem fundamento” .

O ministro da Aviação Civil indiano, Kinjarapu Ram Mohan Naidu, disse em resposta ao relatório que as pessoas não deveriam “tirar conclusões precipitadas”, destacando a necessidade de proteger a integridade dos pilotos nacionais.

O jornal Indian Express publicou que os investigadores ainda apuram se houve falhas técnicas prévias que poderiam ter causado uma desativação não intencional dos interruptores. Familiares das vítimas criticaram o conteúdo do relatório preliminar, chamando-o de “vago e impreciso”.

Em comunicado interno enviado à equipe da Air India, o CEO da companhia, Campbell Wilson, reconheceu que o relatório havia levantado novas questões, mas reforçou que “evitassem tirar conclusões prematuras, pois a investigação está longe de terminar” .



IG Último Segundo