Gostou da Copa do Mundo de Clubes? – 11/07/2025 – Marina Izidro


“Europeus não ligam para a Copa do Mundo de Clubes.”

“Quem disse que eles não se importam?”

“Sul-americanos são acostumados com o calor, e europeus sofrem mais, faz diferença em campo.”

“A temperatura é a mesma para os dois lados, é desculpa!”

A Copa do Mundo de Clubes chega ao fim no domingo (13). Nesta primeira edição mais longa sobram opiniões e ensinamentos. Mais um torneio em um calendário lotado ou vitrine para clubes e jogadores? Parece que depende do ponto de vista.

O calor extremo durante as partidas foi uma prévia do que acontecerá daqui a um ano na Copa do Mundo de seleções. Em um planeta que não para de se aquecer, o esporte está preparado para o futuro? Jogos ao meio-dia e no início da tarde em solo americano sob temperaturas próximas ou acima dos 40°C serão realidade, pensando na audiência da Europa.

E, por falar em eventos climáticos extremos, o protocolo de alertas de tempestades e condições adversas foi necessário e, ao mesmo tempo, polêmico. Será ajustado para 2026?

Acompanhei a cobertura da imprensa esportiva do Brasil e a da Inglaterra. Entre os ingleses, o tom foi muito mais crítico, e isso faz parte do bom jornalismo. Um ponto, porém, requer contexto: os “estádios vazios”, algo destacado com frequência na mídia europeia.

Nos Estados Unidos, o futebol masculino não tem tradição e compete pela atenção e pelo dinheiro do torcedor com outras modalidades, inclusive universitárias. Muitas partidas foram cedo, em dias de semana, em arenas usadas pela NFL, como a de Nova Jersey, com capacidade para mais de 80 mil torcedores. Portanto, se um jogo recebe 40 mil pessoas, o estádio está metade vazio, o que não significa que o número é ruim.

Na parte esportiva, deu o esperado: dois europeus, Chelsea e PSG, na final. Potências europeias jogaram com o livro de regras debaixo do braço. Ao fim da temporada de clubes, uns entraram na fase de grupos descansando titulares. Outros, de fato, podem ter subestimado o nível dos sul-americanos.

Aos poucos, o cenário mudou. Atletas querem títulos, e clubes sabem que estar aqui é um grande negócio, tanto pela premiação quanto pela oportunidade de expor suas marcas no poderoso mercado norte-americano. Mais perto da fase final, o interesse do torcedor europeu cresceu.

O debate sobre calendário vai continuar. Veremos em breve se o alerta de treinadores de que atletas pagarão o preço na próxima temporada, sofrendo mais lesões, vai se concretizar.

Independentemente do campeão, a competição confirma o PSG como time mais vitorioso do planeta no momento. Não será surpresa se Dembélé for eleito melhor jogador do mundo, pelo conjunto da obra Campeonato Francês-Liga dos Campeões-Copa de Clubes.

Palmeiras, Flamengo, Fluminense e Botafogo saem muito mais fortes do que entraram. O respeito por eles no mundo do esporte aumentou. Na semifinal entre Fluminense e Chelsea, os gols de João Pedro contra o clube que o revelou escancararam a realidade financeira do futebol: o Brasil precisa vender porque os europeus têm dinheiro para comprar. Mas também os lembra de que eles só são tão vitoriosos porque contam com nossos talentos.

A colunista está nos Estados Unidos como integrante da organização responsável pela transmissão oficial da Copa do Mundo de Clubes.

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Folha de S.Paulo