
O embate escancarou a divisão entre pragmatismo político e fidelidade ao legado do ex-presidente
A imposição de tarifas comerciais pelos Estados Unidos reacendeu a disputa interna pelo comando da direita brasileira. Com Jair Bolsonaro(PL) inelegível até 2030 e a aproximação das eleições presidenciais, a taxação de produtos brasileiros anunciada por Donald Trump passou a ser usada como argumento por diferentes alas bolsonaristas para defender rumos distintos na sucessão de 2026.
Enquanto lideranças do Centrão pressionam o ex-presidente para anunciar Tarcísio de Freitas(Republicanos) como pré-candidato e líder das negociações com o governo americano, setores mais radicais do bolsonarismo intensificaram a defesa da candidatura de um membro da própria família, como Michelle(PL) ou Eduardo Bolsonaro(PL). O embate escancarou a divisão entre pragmatismo político e fidelidade ao legado do ex-presidente.
O Centrão sustenta que a reação à chamada “Tarifa Bolsonaro” exige uma liderança capaz de dialogar com setores econômicos e internacionais.
A indicação de Tarcísio, governador de São Paulo, é vista como uma forma de evitar o desgaste econômico e político gerado pela medida americana, que afeta exportações e preocupa setores como agronegócio e siderurgia.
Parlamentares de partidos como PP, União Brasil, PSD e Podemos articulam para que ele seja o nome da direita já no segundo semestre.
Bolsonaristas radicais
Do outro lado, bolsonaristas alinhados à ala mais ideológica defendem que o candidato em 2026 seja alguém da família, para preservar o que chamam de “pureza” do projeto original.
Argumentam que Tarcísio, embora próximo de Bolsonaro, tem laços com o Centrão e adota um discurso considerado moderado.
A presença de Michelle em pesquisas eleitorais, com desempenho competitivo, fortalece essa estratégia.
Tarcísio e a família Bolsonaro

A indicação de Tarcísio, governador de São Paulo, é vista como uma forma de evitar o desgaste econômico e político
A tarifa imposta por Trump, com efeito a partir de 1º de agosto, gerou nova disputa entre os dois grupos.
O Centrão atribui parte da responsabilidade à influência da família Bolsonaro na condução da política externa e cobra protagonismo de Tarcísio para negociar uma saída.
Já os radicais veem a medida como retaliação política à atuação do Supremo Tribunal Federal e defendem resposta ideológica, reforçando a retórica de perseguição.
Em meio à disputa, o governador Ronaldo Caiado também se movimenta. Pré-candidato pelo União Brasil, Caiado propôs a criação de uma frente parlamentar para negociar com os Estados Unidos, tentando ocupar espaço como alternativa entre Lula, Tarcísio e a família Bolsonaro.
A indefinição sobre o nome da direita pressiona Jair Bolsonaro. Aliados temem que o atraso no anúncio de um sucessor fragmente o campo conservador.
Enquanto Tarcísio adota postura cautelosa e reitera que só disputará com o aval de Bolsonaro, Michelle e Eduardo aguardam uma definição que deve passar por novas disputas internas nos próximos meses.
IG Último Segundo