A relação do centro com a periferia


Bandeiras dos lideres do Brics
MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL

Bandeiras dos lideres do Brics

A implosão da União Soviética e a dissolução de um sistema estruturado de comunismo internacional  deixou os Estados Unidos, como única superpotência e como o maior centro econômico e tecnológico do mundo, em condições de potencialmente poder exercer uma incontestável hegemonia planetária como vimos agora no caso do ataque ao Irã.

Tal situação, entretanto, não obstante a óbvia predominância de Washington não chega a configurar uma estável e universal hegemonia americana.

Por um lado, a União Europeia em continuado processo de integração de novos membros formou um sistema econômico e cultural de peso equivalente ao de Washington e apresenta crescente tendência a se dotar de um sistema autônomo e próprio de política externa e de defesa como se notou na recente cúpula da OTAN na Holanda.

Por outro lado, a China sustentou por vinte anos uma grande taxa de desenvolvimento econômico e se encaminha para se constituir em outra superpotência e como uma força autônoma no sistema internacional. Nesse contexto se inserem os países periféricos como o Brasil que trabalha com a hipótese de rompimento do consenso sobre o papel a ser exercido pelos Estados Unidos neste século.

Daí a criação dos Brics cuja cúpula anual terá lugar no Rio de Janeiro em seis e sete de julho próximo com a integração de novos países como o Vietnã. Esse grupo constitui um sério obstáculos para a plena consolidação de uma incontestável hegemonia mundial americana desejada por Trump.

Uma nova ordem mundial pode emergir desse confronto com um realinhamento de países que podem passar de uma órbita para outra. O desejo de Trump de assegurar uma Pax Americana não se orienta para promover o bem-estar das províncias, mas para delas extrair os maiores benefícios econômicos possíveis. O regime de livre comércio antes apoiado por Washington agora sofre um ataque de Trump assim como o sistema multilateral.

A solidariedade da periferia com o centro tende a diminuir e até mesmo a se esfacelar completamente neste novo contexto histórico internacional. Daí a necessidade, por parte dos grandes centros periféricos de articularem uma cooperação estratégica de sorte a defender interesses nacionais comuns e lograrem superar os constrangimentos externos que obstaculizam seu desenvolvimento assim escapando da chamada condição periférica.

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal iG



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