Obras faraônicas e celtas marcam descobertas arqueológicas do ano


Tesouros faraônicos e celtas marcam as descobertas de 2025
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Tesouros faraônicos e celtas marcam as descobertas de 2025

O ano de 2025 tem sido um marco para a arqueologia, revelando descobertas capazes de reescrever capítulos inteiros da história humana. Das margens do Nilo a sítios esquecidos na Europa  e até o coração da Amazônia, novos achados ajudam a compreender melhor civilizações antigas e os movimentos culturais que moldaram o mundo.

Em fevereiro, no Egito, arqueólogos revelaram o túmulo de Tutmés II, faraó da 18ª Dinastia, na região de Luxor. Ainda que sua múmia já fosse conhecida e exposta em museu, a redescoberta do local de sepultamento original trouxe pistas valiosas sobre os rituais funerários e a organização dinástica do Antigo Egito.

O túmulo do faraó Tutmés II, da 18ª Dinastia
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O túmulo do faraó Tutmés II, da 18ª Dinastia

Poucos meses depois, a necrópole de Saqqara voltou aos holofotes com a descoberta do túmulo do príncipe Waser-If-Re, da Quinta Dinastia, incluindo uma impressionante porta falsa em granito rosa de 4,5 metros de altura, além de estátuas e mesas de oferendas que ajudam a elucidar a elite egípcia do período.

Túmulo do príncipe Waser-If-Re
Divulgação/Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito

Túmulo do príncipe Waser-If-Re

No continente europeu, a Idade do Ferro deu sinais de vida novamente, com a descoberta de um cemitério celta no interior da França. Entre os artefatos, uma espada ornamentada com símbolos antigos e braceletes de vidro revelaram detalhes de costumes guerreiros e religiosos de cerca de 2.300 anos atrás.

A espada ornamentada com símbolos antigos e braceletes de vidro
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A espada ornamentada com símbolos antigos e braceletes de vidro

Já na Inglaterra, o chamado “Melsonby Hoard”, no norte de Yorkshire, surpreendeu ao reunir mais de 900 itens, incluindo armas, arreios e caldeirões, considerado um tesouro único da transição entre cultura celta e ocupação romana.

Um dos dois rostos humanos em forma de máscara que decoram o ombro do recipiente com tampa ou caldeirão do tesouro de Melsonby
Durham University/PA Wire

Um dos dois rostos humanos em forma de máscara que decoram o ombro do recipiente com tampa ou caldeirão do tesouro de Melsonby

Ainda na Europa, arqueólogos na Holanda encontraram as ruínas de um acampamento militar romano além das fronteiras tradicionais do Império, provando que a presença romana se expandia para além dos limites conhecidos.

Escavações no local revelaram um forte militar romano temporário na Holanda.
Saxion University of Applied Sciences

Escavações no local revelaram um forte militar romano temporário na Holanda.

Em Ipswich, Reino Unido, obras viárias revelaram um assentamento da Idade do Bronze de 3 mil anos, com casas circulares, urnas cremadas e ferramentas agrícolas, um vislumbre raro de como viviam essas sociedades pré-históricas.

O Conselho Municipal de Suffolk descreveu o local como um
Suffolk County Council Archaeological Service

O Conselho Municipal de Suffolk descreveu o local como um “assentamento e cemitério de cremação da Idade do Bronze Final” que remonta a 3.000 anos; eles compartilharam a informação em um comunicado à imprensa datado de meados de abril.

O fascínio pelos vikings também ganhou força com a descoberta de 30 túmulos de elite na Dinamarca, perto de Aarhus. O destaque foi um caixão de carvalho revestido de prata, sinal de alta posição social, rodeado de joias, moedas e utensílios domésticos. A riqueza do conjunto sugere laços políticos complexos e redes de comércio muito mais amplas do que se pensava.

Uma foto aérea mostra arqueólogos trabalhando em um cemitério da Era Viking em Lisbjerg em 13 de junho de 2025.
AFP via Getty Images

Uma foto aérea mostra arqueólogos trabalhando em um cemitério da Era Viking em Lisbjerg em 13 de junho de 2025.

No Oriente Médio, as ruínas de Tall adh‑Dhahab al‑Gharbi, na Jordânia, podem ter revelado a localização de Mahanaim, cidade bíblica associada ao rei Davi. Esse achado pode corroborar relatos do Antigo Testamento sobre conflitos e refúgios durante a monarquia unificada de Israel.

Descoberta na Jordânia.
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Descoberta na Jordânia.

Já no Brasil, a arqueologia não ficou para trás: em Macapá, durante obras urbanas, surgiram relíquias do período colonial, como moedas portuguesas do século XVIII, cachimbos holandeses e utensílios indígenas. Esses vestígios ajudam a contar uma história de convivências (nem sempre pacíficas) entre povos originários e colonizadores europeus na Amazônia.

Moeda do século 18
Governo do Estado do Macapá

Moeda do século 18

Por fim, em Pompeia, na Itália, escavações revelaram os restos de uma família (inclusive uma criança) em uma casa próxima ao epicentro da erupção do Vesúvio no ano 79 d.C. As novas análises apontam que essas pessoas podem ter sobrevivido aos primeiros impactos, mas morreram em tentativas desesperadas de escapar, humanizando ainda mais uma das maiores tragédias naturais da Antiguidade.

Restos humanos em um dos quartos
Parque Arqueológico de Pompéia

Restos humanos em um dos quartos

Em comum, todas essas descobertas destacam não apenas a tecnologia avançada usada em escavações (radares de penetração ao solo a drones de mapeamento 3D), mas também o fascínio renovado que a humanidade nutre por sua própria história.

E se 2025 já impressionou, os arqueólogos apostam que os próximos anos trarão ainda mais revelações capazes de mudar tudo o que sabemos sobre o nosso passado.



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