“Se não for ao STF, não governo”


O presidente Lula
Reprodução/YouTube Gov.br

O presidente Lula

Lula sabia da encrenca que estava contratando ao acionar o Supremo Tribunal Federal para tentar derrubar o veto do Congresso ao aumento do IOF, o Imposto sobre Operações Financeiras.

Nem precisaria: o PSOL, partido aliado, já havia protocolado na corte uma ação contestando o atropelo das prerrogativas dos Poderes promovido pelos líderes da Câmara e do Senado.

Mesmo assim o governo comprou a briga. E deu outro peso à decisão que ainda virá, das mãos – atenção – de Alexandre de Moraes.

Lula sabe que encrenca mesmo é ficar sem dinheiro no caixa em ano eleitoral. E que, trabalhado direitinho, teria um bom argumento para convencer o público: quer apenas que os mais ricos paguem as mesmas alíquotas de impostos do que os pobres, que o elegeram.

A questão é emplacar a mensagem no meio dos ruídos das redes sociais. Uma missão para Sidônio Palmeira, chefe da Secom escalado para afinar a comunicação do time.

Tem dado certo. Até Fernando Haddad abandonou o economês e falou a língua do povo ao defender justiça tributária no lançamento do Plano Safra para pequenos agricultores.

Mas é Lula que todos querem ouvir.

Por isso ele assumiu a linha de frente da defesa da medida e da guerra no STF.

Em entrevista à TV Bahia, nesta quarta-feira (2), o presidente disse que se não entrasse com um recurso na Suprema Corte contra o que considera uma injustiça do Parlamento, não governaria mais.

E deu um recado: “Cada macaco no seu galho. Ele [Congresso] legisla, e eu governo”.

Se alguém tiver que sair à rua para defender um e outro, não será pelo mauricinho que acaba de assumir o comando da Câmara.

Enquanto Lula expõe a briga, a militância tem feito de tudo para colar em Hugo Motta a pecha de inimigo do povo, amigo dos ricos. O jantar com João Doria e parte do PIB brasileiro ajudou a ampliar a fama.

O revide vem nos bastidores, com um centrão armado até os dentes para o próximo bote.

Motta vê na ação de Lula no STF uma declaração de guerra.

Para ele, segundo a colunista do jornal “O Globo” Bela Megale, Lula desistiu de governar com o Congresso. Quer governar com o Supremo.

E não perde por esperar.

Seja lá quem ganhe a batalha, ela está longe de encerrar a guerra.

*Este texto não reflete necessariamente a opinião do Portal iG



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