
O presidente Lula
Lula sabia da encrenca que estava contratando ao acionar o Supremo Tribunal Federal para tentar derrubar o veto do Congresso ao aumento do IOF, o Imposto sobre Operações Financeiras.
Nem precisaria: o PSOL, partido aliado, já havia protocolado na corte uma ação contestando o atropelo das prerrogativas dos Poderes promovido pelos líderes da Câmara e do Senado.
Mesmo assim o governo comprou a briga. E deu outro peso à decisão que ainda virá, das mãos – atenção – de Alexandre de Moraes.
Lula sabe que encrenca mesmo é ficar sem dinheiro no caixa em ano eleitoral. E que, trabalhado direitinho, teria um bom argumento para convencer o público: quer apenas que os mais ricos paguem as mesmas alíquotas de impostos do que os pobres, que o elegeram.
A questão é emplacar a mensagem no meio dos ruídos das redes sociais. Uma missão para Sidônio Palmeira, chefe da Secom escalado para afinar a comunicação do time.
Tem dado certo. Até Fernando Haddad abandonou o economês e falou a língua do povo ao defender justiça tributária no lançamento do Plano Safra para pequenos agricultores.
Mas é Lula que todos querem ouvir.
Por isso ele assumiu a linha de frente da defesa da medida e da guerra no STF.
Em entrevista à TV Bahia, nesta quarta-feira (2), o presidente disse que se não entrasse com um recurso na Suprema Corte contra o que considera uma injustiça do Parlamento, não governaria mais.
E deu um recado: “Cada macaco no seu galho. Ele [Congresso] legisla, e eu governo”.
Se alguém tiver que sair à rua para defender um e outro, não será pelo mauricinho que acaba de assumir o comando da Câmara.
Enquanto Lula expõe a briga, a militância tem feito de tudo para colar em Hugo Motta a pecha de inimigo do povo, amigo dos ricos. O jantar com João Doria e parte do PIB brasileiro ajudou a ampliar a fama.
O revide vem nos bastidores, com um centrão armado até os dentes para o próximo bote.
Motta vê na ação de Lula no STF uma declaração de guerra.
Para ele, segundo a colunista do jornal “O Globo” Bela Megale, Lula desistiu de governar com o Congresso. Quer governar com o Supremo.
E não perde por esperar.
Seja lá quem ganhe a batalha, ela está longe de encerrar a guerra.
*Este texto não reflete necessariamente a opinião do Portal iG
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