As estreias brasileiras no Mundial – 18/06/2025 – Juca Kfouri


Ganhar é melhor que empatar, diria o Conselheiro Acácio se soubesse de futebol. Uma impossibilidade, pois o livro que o notabilizou, “O Primo Basílio”, foi lançado em 1878, dez anos antes do primeiro jogo do esporte bretão em Portugal; embora, viajado, Eça de Queiroz, possa tê-lo conhecido antes em suas andanças pela Inglaterra.

Seja como for, o Conselheiro jamais disse algo parecido, mas seria bem capaz de dizer.

Acacianismos à parte, até as obviedades têm seus paradoxos. Os dois empates —do Palmeiras com o Porto e do Fluminense com o Borussia Dortmund, sem gols— mostraram atuações brasileiras melhores que nas vitórias do Botafogo sobre o Seattle Sounders (2 a 1) e do Flamengo sobre o Espérance (2 a 0).

Primeiramente, porque são incomparáveis o poderio do time português e do alemão aos do estadunidense e do tunisiano.

Depois, porque, se é normal valorizar mais o resultado que o desempenho, melhor ganhar feio que empatar bonito, herdeiros do “beautiful game” têm prestígio a zelar.

Entre paradoxos e contradições, o empate do Fluminense com a segunda força do futebol alemão deixou impressão ainda melhor que a do Palmeiras com os terceiros colocados lusitanos em seu campeonato.

Entre outras razões, porque o colombiano Jhon Arias deu show de bola como nenhum jogador alviverde foi capaz de dar —aliás, só Vitinha, um dos portugueses do PSG, concorreu com ele na primeira rodada dos grupos com clubes do Patropi.

Nesta quinta-feira (19), felizmente às 22h, não ao meio-dia, no Rose Bowl, em Pasadena, teremos o primeiro teste para o em construção Botafogo, campeão sul-americano e brasileiro, contra o magnífico PSG, o campeão europeu e francês.

Depois, na sexta-feira, às 15h, na Filadélfia, o Flamengo encontra o Chelsea, aparentemente em encontro mais equilibrado do que o do Glorioso com o PSG.

Até aqui, transcorrida apenas uma rodada, quem mais serviu para enaltecer nosso futebol foi o Flu liderado pelo arisco colombiano.

CALE-SE
Reportagem de Lúcio de Castro, no site ICL Notícias, revela que nos contratos de transmissão da Copa do Mundo de Clubes constam sete artigos que proíbem críticas à Fifa e aos estádios por parte de quem adquire os direitos.

Que a Fifa imponha faz parte de seu perfil autoritário.

Que algum veículo aceite tais condições é de fazer corar.

LEIA-SE
“O Príncipe do Boxe”, de Fábio Altman, pela bem sacada editora Seja Breve, é um livrinho em formato de bolso e de menos de 90 páginas, dentro do espírito do que criaram os editores Bernardo Ajzenberg e Cadão Volpato.

Conta a história do mestre do boxe e comunista, não necessariamente nessa ordem, Waldemar Zumbano, o Neno, avô querido do autor e tio de Éder Jofre, o melhor peso-galo da história, cuja trajetória também é bem contada, com todas as glórias e sem esconder a chamada demência pugilística que o acometeu, tratada com profundidade e extrema delicadeza, características indissociáveis do jornalista Altman, de carreira tão bem-sucedida como discreta.

Simplesmente imperdível.

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Folha de S.Paulo