EUA exigem acesso a redes sociais para conceder visto


Todos os solicitantes devem informar os nomes de usuário utilizados em redes sociais nos últimos cinco anos
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Todos os solicitantes devem informar os nomes de usuário utilizados em redes sociais nos últimos cinco anos

O Departamento de Estado dos Estados Unidos formalizou uma nova política que torna  obrigatória a triagem de redes sociais para todos os solicitantes de vistos de estudante e de intercâmbio.

De acordo com informações do site internacional Político, a medida foi comunicada por meio de um cabo diplomático assinado pelo secretário de Estado Marco Rubio, nesta quinta-feira (18), e distribuído a embaixadas e consulados americanos em todo o mundo.

A triagem abrange os vistos das categorias F, M e J, que incluem estudantes acadêmicos, vocacionais e participantes de programas de intercâmbio cultural, além de professores, pesquisadores e palestrantes convidados.

A nova diretriz também vale para turistas que visitem instituições como a Universidade de Harvard, onde o programa foi testado como projeto-piloto.

Todos os solicitantes devem informar os nomes de usuário utilizados em redes sociais nos últimos cinco anos. Durante a análise, os perfis deverão estar com as configurações de privacidade ajustadas para o modo público.

A ausência de perfis ou a manutenção de contas privadas pode ser interpretada como tentativa de evasão, o que pode resultar na recusa do visto.

A triagem abrange plataformas como X, Instagram, TikTok, Facebook e redes de origem estrangeira, incluindo chinesas e russas. Embora o fornecimento de senhas não seja exigido, os oficiais consulares devem documentar a análise nos registros do solicitante.

Se forem encontrados conteúdos considerados “derrogatórios”, capturas de tela devem ser anexadas ao processo. Em caso de não haver achados, uma nota deve ser registrada.

Entre os critérios definidos estão a identificação de conteúdos que demonstrem hostilidade contra os Estados Unidos, apoio a organizações terroristas estrangeiras ou manifestações classificadas como antissemitismo. A definição de “antissemitismo inadmissível” não foi detalhada.

O novo protocolo amplia uma política iniciada em 2019 e intensificada nos anos seguintes. Em maio, o Departamento de Estado havia suspendido temporariamente as entrevistas para vistos de estudante, retomando o processo nesta quarta com a exigência da triagem de redes sociais já em vigor.

A triagem será realizada por oficiais consulares e, em alguns casos, pelas Unidades de Prevenção de Fraudes. A medida tem como base ordens executivas assinadas em janeiro de 2025, que incluem diretrizes para proteção da segurança nacional e combate ao antissemitismo.

Representantes do setor educacional e advogados de imigração expressaram preocupações com a medida.

Processo de análise

A nova diretriz também vale para turistas que visitem instituições como a Universidade de Harvard
Mike Mozart/Flickr

A nova diretriz também vale para turistas que visitem instituições como a Universidade de Harvard

Entidades como a NAFSA e EnglishUSA alertaram para o impacto da política na matrícula de estudantes internacionais e criticaram o uso de recursos públicos para esse tipo de triagem.

O processo de análise também pode causar atrasos operacionais nos consulados, devido ao aumento do tempo necessário para o processamento de cada solicitação.

A política é vista como uma possível forma de controle sobre posicionamentos políticos de solicitantes, especialmente os ligados a manifestações pró-Palestina, que já vinham sendo monitoradas em fases anteriores da triagem.

As novas diretrizes permanecem em vigor e devem ser observadas por todos os solicitantes de vistos F, M e J.



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