Palmeiras põe alto investimento à prova por sonho mundial – 14/06/2025 – Esporte


O Palmeiras iniciará neste domingo (15) uma dura jornada nos Estados Unidos. Após fracassos em edições anteriores do Mundial de Clubes, tentará a sorte na nova versão da competição, ampliada, com 12 equipes da Europa, e agora batizada de Copa do Mundo de Clubes.

O torneio terá o mesmo formato adotado para as seleções nacionais até a Copa de 2022, com 32 times divididos em oito chaves. A formação alviverde está no Grupo A, ao lado de Inter Miami, dos Estados Unidos, Al Ahly, do Egito, e Porto, de Portugal.

A estreia será contra o Porto, às 19h (de Brasília), em Nova Jersey, um bom teste para um elenco no qual foram injetados quase R$ 500 milhões em contratações para 2025. Trata-se, em tese, do confronto entre os mais fortes do grupo, mas o Inter Miami tem Lionel Messi, e o Al Ahly já mostrou ser capaz de surpreender.

A formação egípcia impôs ao próprio Palmeiras a pior campanha de um clube brasileiro no formato do Mundial adotado até 2023. Derrotada pelo mexicano Tigres por 1 a 0 nas semifinais de 2020, a agremiação paulistana perdeu a disputa pelo terceiro lugar para o Al Ahly nos pênaltis, por 3 a 2, após empate sem gols.

No ano seguinte, os comandados de Abel Ferreira conseguiram superar o time egípcio —2 a 0, nas semifinais—, porém ficaram no quase na decisão. O placar estava empatado até os 12 minutos do segundo tempo da prorrogação, quando Kai Havertz, de pênalti, definiu a vitória do Chelsea por 2 a 1.

Foi a segunda vez que um clube inglês frustrou o sonho verde. Em 1999, na Copa Intercontinental, que era realizada em jogo único e punha frente a frente o campeão sul-americano e o campeão europeu, deu Manchester United, 1 a 0.

O duelo ficou marcado pela falha do goleiro Marcos no lance do gol, um cruzamento de Ryan Giggs completado por Roy Keane. “Eu falhei”, admitiu o ídolo palmeirense na época. “Achei que seria uma bola curta e dei um passinho para a frente. A bola veio alta e me encobriu.”

As marcas de cada um desses fracassos se transformaram em munições para os rivais. Eles ironizam também o fato de muitos palmeirenses dizerem que a conquista da Copa Rio de 1951 foi um título mundial.

A nova tentativa de alcançar o topo do mundo é mais difícil. Ou, no mínimo, mais longa, com sete jogos até o troféu. Caso supere a primeira fase, o Palmeiras poderá encontrar já nas oitavas de final o Paris Saint-Germain, atual campeão europeu, ou o Atlético de Madrid.

Desde 2012, quando o Corinthians conquistou seu segundo título mundial ao vencer o Chelsea, nenhum clube sul-americano conseguiu vencer um time europeu no Mundial. Foram seis confrontos, quatro deles com brasileiros: o Grêmio perdeu para o Real Madrid (2017), o Flamengo caiu diante do Liverpool (2019), o Palmeiras foi superado pelo Chelsea (2021) e o Fluminense não viu a bola contra o Manchester City (2023).

Esta é a maior sequência sem um representante da América do Sul campeão do mundo. Na época da Copa Intercontinental, o maior jejum foi de 1994 a 2000.

A diferença econômica é o principal fator para explicar o domínio europeu. O Palmeiras procurou diminuir essa distância com um investimento que, se não se aproxima dos grandes clubes do Velho Continente, é excepcional na América do Sul.

Para reforçar seu elenco para a temporada 2025, o clube gastou quase R$ 500 milhões em reforços, com destaque para as três contratações mais caras de sua história: Vitor Roque por € 25,5 milhões (R$ 162 milhões), Paulinho por € 18 milhões (R$ 115 milhões) e Facundo Torres por US$ 12 milhões (R$ 66 milhões).

Somente com os três, o clube gastou R$ 343 milhões, superando todo o investimento que havia sido feito em 2024, quando a equipe gastou R$ 192,3 milhões em contratações. A conta de 2025 se aproxima do meio bilhão com Emiliano Martínez, Micael, Bruno Fuchs e Lucas Evangelista.

Em campo, Abel Ferreira levou algum tempo para encaixar as peças. Embora tenha sido finalista do Campeonato Paulista, o time alviverde correu risco de ser eliminado na primeira fase. Na decisão, perdeu para o arquirrival Corinthians. Depois, deslanchou.

Na Copa Libertadores, o time terminou a primeira fase com a melhor campanha geral, com 100% de aproveitamento. Classificado às oitavas de final da Copa do Brasil —novamente com o Corinthians pela frente—, embarcou para os Estados ocupando a quarta posição do Brasileiro, dois pontos atrás do líder Flamengo.



Folha de S.Paulo