O “apetite insaciável” por crescimento entre os clubes de futebol corre o risco de deixar seus jogadores esgotados e os próprios clubes sobrecarregados com folhas salariais mais altas, alertou um relatório divulgado às vésperas da controversa Copa do Mundo de Clubes da Fifa.
Em sua análise anual das finanças do futebol, a Deloitte afirmou que clubes e organizadores de competições devem “equilibrar cuidadosamente” as oportunidades de gerar receitas adicionais jogando mais partidas com a proteção do bem-estar dos jogadores.
A falta de descanso suficiente para os jogadores e o dinheiro adicional de premiação obtido por jogar mais partidas provavelmente levarão a exigências salariais mais altas dos jogadores, de acordo com o grupo de negócios esportivos da Deloitte.
“Há um apetite insaciável por crescimento e por visibilidade” entre as principais ligas e órgãos dirigentes do futebol, disse Tim Bridge, sócio líder de negócios esportivos da Deloitte.
“Todo mundo quer ser o maior e o melhor. O problema é que existe um limite para o melhor”, disse ele. “Se você não tomar cuidado, entra em um ciclo vicioso muito, muito rápido.”
O recém-expandido Mundial de Clubes da Fifa —no qual 32 equipes de todo o mundo disputarão US$ 1 bilhão (R$ 5,5 bilhões) em premiações— começa nos Estados Unidos neste sábado (14).
A competição deste ano, que contará com estrelas como Lionel Messi e Kylian Mbappé, é muito maior que a versão anterior, que era disputada por apenas sete equipes.
O torneio está começando apenas duas semanas após o fim da Champions League, a principal competição de clubes da Europa, que na temporada passada contou com 189 partidas, acima das 125 do ano anterior. Uma série de jogos internacionais também foi intercalada entre os dois eventos.
A Fifa está promovendo seu torneio expandido como “o maior evento de futebol de clubes do mundo”. No entanto, o sindicato dos jogadores, Fifpro, entrou com uma ação judicial contra a Fifa devido à sua expansão no jogo de clubes e à carga de trabalho adicional imposta aos jogadores.
Enquanto isso, os clubes das “cinco grandes” ligas europeias —Inglaterra, Alemanha, Espanha, Itália e França— relataram receitas agregadas de mais de 20 bilhões de euros (R$ 128,2 bilhões) pela primeira vez na temporada 2023/24, um aumento de 4% em relação à temporada anterior, segundo a Deloitte.
A consultoria espera que as receitas ultrapassem 21 bilhões de euros (R$ 134,6 bilhões) na temporada 2024/25. No entanto, a Deloitte alertou que os clubes precisam ser inovadores para impulsionar melhorias substanciais a partir de agora, citando uma desaceleração nos enormes gastos com transferências dos clubes sauditas, bem como a estagnação dos gastos com direitos de transmissão entre as emissoras.
Os clubes da Premier League inglesa geraram coletivamente mais de 7,3 bilhões de euros (R$ 46,8 bilhões) em receita na temporada 2023/24, ampliando seu domínio financeiro sobre seus rivais europeus.
Os clubes da Bundesliga alemã geraram 3,8 bilhões de euros (R$ 24,3 bilhões), o mesmo valor gerado pelas equipes da primeira divisão espanhola.
Folha de S.Paulo