Nesta segunda-feira (26), o Conselho Deliberativo do glorioso Sport Club Corinthians Paulista porá fim ao mandato de Augusto Melo como presidente da agremiação com quase 115 anos de vida.
Encerra-se assim o capítulo mais vergonhoso da história do clube que não é de hoje convive com cartolas que só fazem se servir dele.
Episódio previsível e devidamente previsto por quem tem olhos para ver desde o anúncio da candidatura do elemento indiciado pela Polícia Civil de São Paulo, em inquérito conduzido com rigor e prudência pelo delegado Tiago Fernando Correia.
“Furto qualificado, lavagem de dinheiro e associação criminosa”, em resumo, são os crimes responsáveis pelo indiciamento em torno do famigerado contrato com a casa de apostas VaideBet.
Furto que, não fosse interrompido por denúncia jornalística, renderia mais de R$ 25 milhõesao quarteto composto também pelos ex-diretores administrativo, Marcelo Mariano, de marketing, Sérgio Moura, e o intermediário que nada intermediou, Alex Cassundé, que tratou de lavar o dinheiro, duas parcelas de R$ 700 mil, em conta de empresa laranja ligada ao PCC.
Aguarda-se agora a manifestação do Ministério Público que deverá oferecer denúncia à Justiça para tornar réus os integrantes do quarteto meliante, oposto aos Quatro Mosqueteiros.
Entre os que não queriam ver a indigência moral e intelectual de Melo estavam aqueles à espera do indiciamento para formar convicção pelo impeachment, de resto cuidado desnecessário diante da evidente gestão temerária de Melo, incapaz de cumprir sequer uma de suas promessas eleitorais, a começar por destampar os malfeitos de administrações anteriores como a de Duílio Monteiro Alves.
Melo acabou eleito para que o clube se livrasse da herança do grupo Renovação e Transparência e por gente que apostava desde o início em impeachment mais adiante, como aqui noticiado dezenas de vezes.
Ninguém que tenha visto a lavagem de roupa suja entre Melo e André Negão, na TV Gazeta, dias antes do pleito, poderia ter um segundo de dúvida sobre o que aguardava o Corinthians.
Assim mesmo, apesar de no sexto mês já ter ficado claro que o impeachment era inevitável, lá se vão quase 18 meses de descalabro, mentiras e furtos para desgovernar de vez o clube mais popular do maior mercado do país, razão suficiente para fazer dele, em tese, o mais rico da América do Sul.
Haverá alguém que possa conduzir o destino alvinegro a bom termo?
No atual quadro infeccioso parece não haver.
Quem sabe algum iluminado conduza à abertura do capital na Bolsa de Valores e repita o modelo de gestão do Green Bay Packers, que a despeito de ser verde, e de até ter jogado em Itaquera, é clube, da NFL, sem finalidade lucrativa, de propriedade da torcida, com cerca de 500 mil acionistas, que não recebem dividendos, mas elegem um conselho administrativo cujo CEO toca a vida da agremiação.
Dificilmente o Corinthians encontrará saída dentro do atual modelo — onde os interesses pessoais se sobrepõem aos da Fiel Torcida, muita vezes enganada por contratações irresponsáveis e pelo doping financeiro, feitos pelos verdadeiros anticorintianos.
Que não são os que denunciam os péssimos cartolas.
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Folha de S.Paulo