Por que Textor sofre desconfiança da torcida do Crystal Palace?


John Textor
Reprodução/Instagram

John Textor

O Crystal Palace está a 90 minutos de conquistar o maior título de sua história. A equipe enfrentará o Manchester City neste sábado (17), às 12h30, com transmissão da ESPN e do Disney+, pela final da Copa da Inglaterra. Mesmo assim, os torcedores não estão totalmente satisfeitos com o principal investidor do time — uma figura já conhecida no Brasil: John Textor, que também detém a SAF do Botafogo.

Para entender essa relação conturbada, é necessário voltar um pouco no tempo. No fim da década de 2000, o Crystal Palace enfrentou uma crise financeira tão grave que foi colocado sob administração judicial por um credor. O clube perdeu vários jogadores e, esportivamente, vivia uma situação insustentável.

Tudo começou a mudar quando um grupo de torcedores, liderado por Steve Parish, resolveu comprar a equipe. Parish continua à frente do clube até hoje, mesmo detendo apenas 10% das ações. Desde então, o Crystal Palace se estabilizou na Premier League e superou seus principais problemas financeiros.

John Textor entra nesse contexto em 2021, ao adquirir 40% das ações do clube. Com isso, a administração passou a ter um peso maior nas mãos de um investidor externo, sem qualquer relação com a comunidade local. O executivo americano, inclusive, já manifestou a intenção de vender sua parte na agremiação. Essa mudança de perfil na gestão ajuda a explicar o distanciamento entre ele e a torcida, como analisa o comentarista da ESPN, Mário Marra, especialista em futebol inglês e escalado para a transmissão da final da Copa da Inglaterra:

“A torcida do Crystal Palace vê o Steve Parish como ‘o cara’, o grande líder. O Textor é visto como um investidor. Não como alguém do sul de Londres, como alguém que entenda do que é ser de Brixton. Então é uma relação mais fria. Não tenho a menor dúvida que o dinheiro que ele colocou ajude no dia a dia do clube, na contratação de jogadores. Mas, com o torcedor, não existe essa conexão”, afirmou Marra. 

Essa desconexão entre os fanáticos torcedores do Crystal Palace e Textor pode ser vista com frequência nas arquibancadas do Selhurst Park, casa da equipe londrina. No ano passado, por exemplo, havia uma faixa no jogo contra o Arsenal, em que a equipe perdeu por 5 a 0. “Potencial desperdiçado dentro e fora de campo. Decisões ruins nos fazendo retroceder”, afirmavam os torcedores.

No ano anterior, em jogo contra o Manchester United, o recado foi ainda mais direto para essa relação de investidor com a equipe. “Propriedade de múltiplos clubes; apostas no mercado de ações; Textor, não confiamos em você”, diziam as faixas estendidas no estádio.

Hoje, além de Botafogo e Crystal Palace, John Textor mantém participações no Molenbeek, da Bélgica, e no Lyon, da França. Recentemente, declarou que pretendia vender sua parte do Crystal Palace para investir no Everton, rival da equipe na Premier League.

Dessa maneira, a decisão deste sábado pode ser os últimos passos de Textor na tradicional equipe de Londres. Mas, pelo menos, pode ser com um título inédito vencido sobre uma das maiores potências do mundo do futebol.



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