Os primeiros testes do spray de pequi, feitos na UFG, em Goiás, tiveram ótimos resultados no tratamento da osteoartrite. – Foto: UFG
Um dos frutos mais simbólicos do Cerrado pode estar prestes a virar aliado no combate à dor nas articulações. Cientistas da Universidade Federal de Goiás (UFG) desenvolveram um spray feito com óleo de pequi para ajudar no tratamento da osteoartrite, uma doença crônica que afeta milhões de pessoas no mundo todo.
O produto, desenvolvido com o uso de nanotecnologia, foi testado em mulheres entre 40 e 65 anos e mostrou resultados promissores, como redução da dor e melhora na mobilidade. A pesquisa é fruto de uma parceria entre universidades e especialistas que acreditam no potencial terapêutico do pequi aliado à ciência.
A novidade traz esperança para quem sofre com a osteoartrite, problema que, segundo estimativas, pode atingir 1 bilhão de pessoas até 2050. Ainda em fase de desenvolvimento, o spray pode se tornar uma alternativa natural, segura e eficaz para o tratar a doença.
Três universidades unidas
O ponto de partida foi na Universidade Regional do Cariri (Urca), no Ceará, onde o professor Irwin Menezes e a equipe dele estudam há anos as propriedades medicinais do óleo de pequi.
Com o tempo, a pesquisa ganhou força com a entrada de outras instituições, como a Universidade Federal de Sergipe (UFS) e a UFG.
Uma primeira versão do produto chegou a ser testada, mas não teve o efeito desejado. Foi aí que o Laboratório NanoSYS, da UFG, entrou em cena com uma solução inovadora: a aplicação da nanotecnologia para transformar o óleo em um spray mais eficaz.
Como funciona
A nanotecnologia permite manipular os ingredientes em escalas microscópicas, facilitando a penetração na pele e potencializando os efeitos terapêuticos. Segundo o professor Ricardo Marreto, coordenador do laboratório da UFG, essa técnica fez toda a diferença no desenvolvimento do produto.
Além de facilitar a aplicação, o novo formato reduziu o cheiro forte do pequi e eliminou a necessidade de aquecimento antes do uso, uma prática comum entre quem utiliza o óleo de forma tradicional. “A formulação penetra melhor na articulação e o efeito é mais rápido”, disse Ricardo ao site O Popular.
A combinação do spray com a fisioterapia teve resultados ainda mais positivos. Os pesquisadores acreditam que o produto pode ser uma opção acessível e segura para pessoas que enfrentam os desafios da osteoartrite no dia a dia.
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Ciência e sustentabilidade
Mais do que um ingrediente natural, o pequi é um símbolo cultural e ecológico do Cerrado. O fruto é conhecido pelo aroma peculiar e por ter muitos pequenos espinhos entre o caroço e a polpa. Só pode roer, morder, jamais.
Em janeiro de 2025, foi sancionada a Lei nº 15.089, que incentiva o uso sustentável do fruto.
A nova legislação ajuda a preservar o bioma e fortalece as comunidades extrativistas.
Para os cientistas, isso é essencial: a regulamentação garante o fornecimento seguro e contínuo do óleo necessário para futuras produções do spray.
Futuro promissor
A Emater Goiás e a Embrapa Cerrados têm sido fundamentais nesse processo.
Com bancos genéticos e programas de cultivo sustentável, essas instituições garantem o acesso ao pequi de qualidade e em grande quantidade, ajudando a transformar o que era apenas uma tradição popular em um tratamento com base científica.
Se depender da dedicação dos pesquisadores e do potencial do fruto, o pequi pode se tornar um verdadeiro ouro do Cerrado — agora também nas prateleiras da saúde.
A UFG já busca parceiros da indústria para viabilizar a fabricação em larga escala.
O pequi (nome científico: Caryocar brasiliense) é um fruto típico do Cerrado. É consumido em pratos, principalmente em Goiás e no Norte de Minas. – Foto: Slowfoodbrasil
Os primeiros testes do spray de pequi trouxeram ótimos resultados no tratamento da osteoartrite. – Foto: UFG
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