Enquanto a violência contra a mulher assola Cabo Frio, com índices alarmantes e o recente feminicídio de Karolina Sales expondo a brutalidade da situação, a administração do Prefeito Dr. Serginho (PL) demonstra uma insensibilidade chocante ao tentar despejar a Casa de Referência Inês Etienne Romeu. Este espaço vital, mantido com esforço e doações pelo Movimento de Mulheres Olga Benário, tornou-se o único oásis de acolhimento e suporte gratuito para mulheres em situação de vulnerabilidade na cidade.
A ação de reintegração de posse, embora não concretizada no último dia 18 devido à resistência do movimento, paira como uma ameaça constante, com o risco de ser executada a qualquer momento. A resposta do governo Dr. Serginho, justificando a desocupação com uma desapropriação para “preservação e conservação ambiental” de um imóvel que permaneceu abandonado por mais de uma década, soa como uma cortina de fumaça para encobrir o descaso com a segurança e o bem-estar das mulheres cabo-frienses.
É revoltante constatar que, enquanto a Casa Inês Etienne Romeu oferece orientação jurídica e psicológica, oficinas de autonomia financeira, cozinha comunitária e horta coletiva – tudo fruto do engajamento da sociedade civil diante da omissão do poder público –, a prefeitura, sob a gestão Dr. Serginho, prioriza a remoção deste espaço essencial. A alegação de urgência para obras de conservação em um local previamente negligenciado por anos não se sustenta diante da urgência gritante da violência de gênero na cidade, que clama por mais, e não menos, apoio às vítimas.
A ocupação da prefeitura pelo movimento de mulheres, denunciando a tentativa de despejo covarde agendado para o feriado da Sexta-Feira Santa, escancarou a falta de diálogo e a insensibilidade da administração Dr. Serginho. A prioridade dada a “grandes festas” em detrimento da proteção das mulheres é um retrato sombrio das prioridades da gestão municipal. A declaração de Chantal Campello, líder do movimento, sobre o silêncio dos vereadores em relação ao feminicídio e à ameaça à Casa de Referência, enquanto se solidarizavam com o prefeito em outra questão, é um indicativo da desconexão entre o poder público local e as reais necessidades da população feminina.
A Casa Inês Etienne Romeu não é apenas um imóvel ocupado; é um símbolo de resistência e solidariedade em uma cidade marcada pela violência de gênero. Fechar suas portas, como pretende o governo Dr. Serginho sob uma justificativa ambiental questionável, seria um retrocesso inaceitável e um sinal de abandono às mulheres que mais precisam de apoio. A insistência do movimento em ocupar as ruas e os espaços públicos abandonados, denunciando a inércia e a insensibilidade da prefeitura, é um grito por justiça e por políticas públicas eficazes que priorizem a vida e a segurança das mulheres em Cabo Frio. A gestão Dr. Serginho será lembrada por esta tentativa de silenciar e desamparar justamente quem mais necessita de proteção.
Fonte: Folha dos Lagos