Um golpe envolvendo criptomoedas roubou mais de R$9,3 bilhões dos investidores. Entenda o caso

Glaidson Acácio dos Santos, está preso desde agosto de 2021 por ter liderado um golpe que movimentou mais de R$38 bilhões.

Conhecido como “Faraó dos bitcoins”, ele foi alvo da Operação Kryptos, da Polícia Federal, acusado de montar uma gigantesca pirâmide financeira disfarçada de investimento em criptomoedas.

O ex-pastor responde na Justiça por crimes financeiros e é suspeito de ter causado um prejuízo de R$9,3 bilhões a milhares de investidores.

Golpes no mundo das criptomoedas como esse são mais comuns do que parecem, por isso é importante entender como esse tipo de investimento funciona para se prevenir.

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Sob a curadoria do renomado economista e especialista em criptomoedas Fernando Ulrich, o curso desvenda o que torna o Bitcoin único.

De garçom a ‘Faraó’: A trajetória de Glaidson

Antes da fama e da fortuna, Glaidson teve origens humildes em Búzios, no Rio de Janeiro.

Trabalhou como garçom e chegou a se formar pastor na Igreja Universal do Reino de Deus, deixando a igreja em 2014.

No ano seguinte, em 2015, começou a investir em bitcoin, alegando ter “resultados bem acima da média”.

Em 2018, fundou a G.A.S. Consultoria em Cabo Frio (RJ). A empresa rapidamente ganhou fama na Região dos Lagos.

Moradores chegaram a vender casas e carros para investir no negócio, que prometia lucros fácil e rápido.

Como funcionava o esquema da G.A.S?

A principal promessa da G.A.S. era um lucro fixo de 10% ao mês sobre o valor investido.

Esse retorno altíssimo foi um dos principais sinais de alerta para a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e a PF.

Segundo as investigações, tratava-se de um esquema clássico de pirâmide financeira.

A empresa de fachada usava o dinheiro de novos clientes para pagar os rendimentos dos antigos, dando a impressão de que as promessas de lucro eram reais.

Para operar os bilhões que captava, o “faraó” utilizava corretoras de criptomoedas estrangeiras, que não seguiam as regras brasileiras de prevenção à lavagem de dinheiro.

Em apenas uma das agências, a empresa de Glaidison chegou a movimentar mais de R$1 bilhão.

Os números do esquema são impressionantes. Entre 2015 e 2021, Glaidson movimentou cerca de R$38 bilhões.

Só no último ano antes da prisão, R$16,7 bilhões passaram por suas contas, segundo o Coaf.

Mirelis Zerpa, a mulher do faraó, era responsável por coordenar os “trades” é apontada como a possível mentora do esquema, tendo aplicado golpes semelhantes na Venezuela.

Glaidson vivia uma vida de milionário, com festas, carros importados e viagens.

A PF apreendeu R$13,8 milhões em espécie em uma mansão do casal, além de jóias e relógios de luxo.

A maior apreensão de cripto na história do Brasil foi feita em um endereço ligado ao casal em São Paulo.

Ao todo foram apreendidos 591 bitcoins, equivalente a aproximadamente R$147 milhões na época.

A frota de carros da G.A.S. incluía 36 veículos, 22 deles blindados, com modelos de luxo como BMW, Mercedes e Land Rover.

No dia de sua prisão, Glaidson estava hospedado na casa de uma amiga na Barra da Tijuca (RJ), após uma noitada em boates.

Agentes da PF o prenderam de madrugada no quarto onde dormia, encontraram também maços de dinheiro e barras de ouro.

Ele havia perdido um evento da G.A.S. em Punta Cana porque seu passaporte estava retido no consulado americano para emissão de visto, a PF suspeitava que ele planejava fugir do país.

Mirelis Zerpa teria sacado R$1 bilhão em bitcoins e fugiu do Brasil pouco tempo após a prisão do marido.

A venezuelana teria usado parte do dinheiro para comprar um avião, que custou o equivalente a R$4 milhões, e um Rolls Royce de R$2,5 milhões no nome de um laranja.

Em janeiro do ano passado ela foi presa nos EUA por ter permanecido ilegalmente no país.

A Justiça Brasileira pediu a extradição no começo deste ano, mas a defesa conseguiu adiar o processo.

FONTE: Brasil Paralelo