A demissão de todas as cozinheiras terceirizadas do Colégio Municipal Paulo Freire, em Búzios, causou indignação e mobilização da comunidade escolar. As trabalhadoras foram dispensadas pela empresa AMX Comércio e Representações um dia após aderirem a uma paralisação por atraso no pagamento de salários. A decisão gerou uma onda de protestos de estudantes, professores, vereadores e do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe Lagos), que consideram a medida uma retaliação injusta.
Segundo nota publicada por alunos da escola nas redes sociais, as merendeiras sempre foram prestativas e respeitosas, preparando com dedicação as refeições dos estudantes. “Na segunda-feira (14), elas fizeram uma greve para reivindicar o pagamento atrasado. No dia seguinte, foram todas demitidas. Isso é uma injustiça com profissionais que sempre nos trataram com carinho e dignidade”, diz o texto de repúdio.
O vereador Rafael Braga classificou a demissão como “covarde”. Em suas redes sociais, ele afirmou que irá acionar o Ministério Público do Trabalho contra a empresa e o governo municipal. “A AMX, a mando do governo, demitiu as merendeiras do colégio Paulo Freire. Meu mandato vai representar essa situação humilhante e reiterada contra o direito dos trabalhadores.”
O Sepe Lagos também se manifestou duramente. Em nota, o sindicato denunciou a arbitrariedade da demissão e expôs o histórico problemático da empresa terceirizada. Segundo o Sepe, a AMX acumula contratos milionários em diversas cidades da Região dos Lagos, apesar de sua sede ser uma casa simples na periferia de Araruama e de estar envolvida em atrasos salariais e calotes. “Essas profissionais foram as únicas a ter coragem de parar diante do descaso. Mesmo após o pagamento ser liberado no dia 14, voltaram ao trabalho no dia seguinte e foram demitidas em massa. Isso revela a face cruel da terceirização: vínculos frágeis, perseguição e desresponsabilização do poder público”, declarou o sindicato, que exige a reintegração imediata das cozinheiras.
O caso ganhou grande repercussão e chegou à Câmara Municipal. Diversos vereadores já se manifestaram e prometem cobrar explicações formais do prefeito Alexandre Martins, que até o momento não se pronunciou. A situação também reacendeu críticas à política de terceirização da Prefeitura. Em 2022, o prefeito afastou merendeiras concursadas sob a promessa de reacomodá-las em outros setores, o que, segundo o sindicato, abriu caminho para o fim dos cargos e a precarização do serviço. “Esse é o resultado de uma política que retira direitos e silencia quem ousa lutar”, alertou o Sepe.
Fonte: Fonte Certa