CABO FRIO – A aparente atenção do prefeito Dr. Serginho à folha salarial da crucial área da Saúde, nesta segunda-feira, 14 de abril, longe de gerar otimismo entre os servidores, acende um alerta sombrio de apreensão e insegurança. A sinalização de um “realinhamento” nas remunerações, sob a justificativa de um “novo equilíbrio” entre os interesses dos trabalhadores e a sustentabilidade da máquina pública, ecoa nos corredores da prefeitura como o prenúncio de mais arrocho e possíveis perseguições.
Apesar da ausência de detalhes concretos sobre a proposta, a vaga menção do prefeito em suas redes sociais sobre a busca por um modelo de remuneração “mais eficiente” soa, para muitos servidores exaustos e desvalorizados, como uma cortina de fumaça para futuras medidas de contenção salarial. A retórica de Dr. Serginho – “Estamos buscando uma forma que fique melhor para o servidor e para a administração” – é recebida com ceticismo por profissionais da linha de frente, que temem que o “melhor para a administração” se traduza em sacrifícios e perdas para seus já combalidos salários.
Desde o início de sua gestão, a obsessão do prefeito por uma “nova lógica administrativa” baseada em “responsabilidade fiscal”, “revisão de gastos” e “reavaliação de estruturas herdadas” tem sido observada com crescente receio pelos servidores. A Saúde, setor cronicamente negligenciado e faminto por investimentos, é vista como o principal alvo desse “redesenho orçamentário”. Para os profissionais que diariamente enfrentam a falta de recursos, a sobrecarga de trabalho e o descaso, a prioridade do governo parece ser o corte de custos, e não a valorização de quem sustenta o sistema.
A complexidade do tema e seu impacto direto na qualidade do atendimento à população não iludem os servidores, que acompanham com apreensão os “desdobramentos” dessas discussões nos bastidores. A ausência de diálogo transparente e a falta de participação das categorias envolvidas alimentam o temor de que as mudanças sejam impostas de cima para baixo, sem considerar as necessidades e os direitos dos trabalhadores. A expectativa de um debate aberto e honesto parece cada vez mais distante, substituída pela sombra da imposição e do assédio moral velado.
A movimentação em torno da folha da Saúde, já ventilada em espaços como o blog Daniel Galvão, é interpretada pelos servidores não como um sinal de reconhecimento de seu valor, mas sim como o prelúdio de um ataque aos seus direitos. O “indicativo do rumo que a Prefeitura pretende seguir na organização administrativa”, monitorado com atenção pela mídia local, é visto pelos trabalhadores como uma ameaça iminente ao seu sustento e à sua dignidade profissional.
A reestruturação da folha salarial, sob a ótica dos servidores, não se resume a números frios. Ela representa o risco de aprofundamento da desvalorização, o aumento da pressão e do assédio moral, e a perpetuação de um ciclo de sacrifícios em nome de uma “responsabilidade fiscal” que parece ignorar o capital humano que move a saúde pública. Resta aos profissionais da Saúde de Cabo Frio aguardar, com justificado temor, os próximos capítulos dessa anunciada reestruturação, cientes de que o “termômetro do tempo” poderá medir não a justiça salarial, mas sim o aprofundamento da opressão e da desmotivação em um dos setores mais essenciais para a vida da cidade.