A Polícia Civil de Goiás, por meio da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Cibernéticos (DERCC), realizou na quinta-feira (20) uma operação de busca e apreensão na casa de um adolescente de 16 anos, em Caldas Novas. O jovem é investigado por gerenciar um canal na plataforma Discord, onde supostamente incentivava e recrutava participantes para a prática de crimes violentos contra pessoas em situação de rua e grupos minoritários.
Conforme apurado pela polícia, o adolescente estaria entre os administradores de um servidor que transmitiu ao vivo, no dia 19 de fevereiro, um ataque criminoso a um morador de rua no Rio de Janeiro. A vítima foi atingida por um coquetel molotov, sofreu queimaduras graves e precisou ser hospitalizada. As investigações apontam ainda que o suspeito pretendia organizar novas ações violentas, motivado pela repercussão do caso.
Em entrevista, a delegada responsável pelo caso, Dra. Marcella Orçai, explicou como a polícia chegou até o suspeito.
“Houve esse ataque no Rio de Janeiro, que foi articulado no meio cibernético. Com apoio do Ministério da Justiça, identificamos o adolescente em Goiás como um dos donos do canal onde o crime foi transmitido. Chegamos até ele por meio de investigação em redes sociais”, detalhou em entrevista ao Portal iG.
Durante a operação, todos os dispositivos eletrônicos do menor de idade foram apreendidos e estão sendo periciados. A delegada afirmou que a identificação dos demais administradores e participantes do canal segue em andamento e que algumas pessoas já foram identificadas.
As informações sobre novos suspeitos serão compartilhadas com o Ministério da Justiça e com outros polícias dos estados envolvidos no caso.
Apesar de não haver um novo ataque com data e local definidos, as investigações apontaram a intenção do grupo de realizar outras ações violentas. “Eles enxergaram a repercussão do ataque como positiva e buscavam novos atos”, completou a delegada.
O adolescente responderá por ato infracional análogo à tentativa de homicídio e associação criminosa. A delegada destacou que outros crimes podem ser incluídos, dependendo da perícia nos aparelhos apreendidos.
Outro ponto importante que a delegada reforçou foi a relevância da denúncia por parte da população: “Se alguém souber de grupos ou canais que promovem esse tipo de crime, é fundamental documentar com prints e procurar a Polícia Civil do seu estado. Todas as polícias civis têm canais de denúncia anônima e essa colaboração é essencial para combater esse tipo de crime cibernético”.
IG Último Segundo