F1 com caras novas e sem capricho – 17/03/2025 – Sandro Macedo


Foi dada a largada para mais uma temporada da F1, com muitas caras novas, incluindo uma cara brasileira, Gabriel Bortoleto, que não terminou a prova inaugural, na Austrália.

Em um esforço de reportagem, este humilde escriba conseguiu ficar acordado para assistir ao GP na Band. E fiquei surpreso ao notar que a narração seria, e foi, de Sérgio Maurício.

Dono de bordões como “tá ligado” e “no capricho”, Maurício se ligou no Twitter há poucas semanas para dizer que a deputada Erika Hilton (PSOL-SP), trans e negra, era uma “fake news humana“.

Chegou a dizer que sua conta foi hackeada antes de admitir que foi o autor da frase. Como diria uma amiguinha, “liberdade de expressão não é uma licença para ser estúpido”. Depois, arrependido pelos problemas causados, pediu desculpa para a parlamentar, seus eleitores “e a quem mais tenha se ofendido”. Essa parte é sempre importante. Se desculpar a quem tenha se ofendido.

A Band tirou a cara de Sérgio Maurício das postagens de transmissões e, obviamente, tomou a única atitude sensata ao afastar o profissional.

Fiquei pensando na enorme coincidência do afastamento quase na mesma época em que a emissora contratou Galvão Bueno para ter um programa semanal. Seria uma conspiração do universo para a volta de GB aos motores? Não.

Sem Galvão, a emissora voltou a ter Sérgio Maurício, perdoado pelo dono Johnny Saad, senhor que provavelmente não liga para “quem mais tenha se ofendido”.

Faltou (muito) capricho à Band e a todos os envolvidos.

Com pista meio molhada, meio seca, meio molhada, meio seca, a corrida em si conseguiu ser ao mesmo tempo boa, ter várias disputas e o resultado mais previsível de todos: vitória de Lando Norris.

O ano de 2025 começa como terminou 2024, com Norris e a McLaren laranja-papaya superiores. Vice na prova, o tetracampeão Max Verstappen pouco ameaçou.

Já Oscar Piastri, companheiro de Norris, sofreu a maldição dos australianos correndo em casa. Estava em segundo quando rodou —por causa da pista molhada— e caiu para o final do pelotão. Terminou em um honroso nono lugar.

Vi a corrida logo depois de maratonar a sétima temporada da série “Dirigir para Viver”, da Netflix, que retrata o que aconteceu no ano passado.

É curioso ver a turminha de 2024 e pensar que a próxima temporada terá uma grande repaginada, cheia de figurinhas novas, como Bortoleto; ou Kimi Antonelli (Mercedes), que já deu as caras em um episódio, com carinha de quem vai ser o protagonista teen do próximo “Homem-Aranha”.

E como brasileiros não sabem entrar para brincar, já imagino que a próxima temporada, com Bortoleto, baterá recordes de audiência —vide o que aconteceu recentemente com João Fonseca ou Fernanda Torres. É bom a Netflix preparar um episódio só para o jovem, fica a dica.

Curiosamente, essa última temporada do streaming pinta Norris como um sujeito cheio de inseguranças no circo da F1 e que gosta de curtir a vida —exatamente o contrário do que acontece com nove entre dez pilotos arrogantes. Arrogância faz parte da profissão.

A temporada, como as últimas, também não conta com depoimentos de Lewis Hamilton ou Verstappen, nosso malvado favorito, que já disse que a série é uma obra de ficção, que distorce a verdade.

Ficção ou documental, a série pode sim ser apontada como um dos fatores para o aumento do público da categoria nos últimos anos.

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Folha de S.Paulo